Por Alan Caldas (Editor)
Marli Schneck mal havia começado a andar e suas brincadeiras já indicavam sua trajetória de vida. Trocava as roupas das bonecas e simulava que estavam em um concurso de beleza. Pegava as roupas da mãe e das tias, ajustava em seu corpo e, junto com as amiguinhas, organizava desfiles de moda. Eram os primeiros passos da dois-irmonense rumo ao que seria seu futuro no mundo da beleza e da moda.
Filha única do casal Hugo e Teresinha Schneck, Marli nasceu em 12 de fevereiro de 1970, no Hospital São José, de Dois Irmãos, às 16h30min, com parto realizado pela Irmã Barbarina.
O pai Hugo, nascido em Boa Vista do Herval, tinha 24 anos quando a filha nasceu e ainda hoje ela lembra das conversas com o pai, empresário da construção civil que morreu em 2017, aos 71 anos de idade, depois de uma intensa batalha contra um câncer. A mãe, dona Teresinha, tinha 25 anos quando a filha nasceu, era natural de Joaneta, em Picada Café, e sempre foi dona de casa. Marli tem uma irmã, Andréia Arnold, filha de seu pai, que reside em Santa Maria do Herval.
Extremamente ligada a família, Marli se recorda com imensa alegria dos encontros de fim de ano na casa dos avós paternos em Dois Irmãos, os agricultores Vicente Felipe e Joana Schneck, que vieram de Boa Vista do Herval e adquiriram as terras onde hoje é a rua Walter Schneck, no bairro Portal da Serra. Walter, que dá nome à rua, era irmão do avô de Marli, e como ele faleceu antes de Vicente, a rua foi batizada em sua homenagem. E lembra com carinho dos 17 tios com os quais conviveu desde a infância, sendo cinco por parte de pai e 12 pelo lado da mãe.
Marli conviveu com sua bisavó paterna, Maria Wagner, até os 10 anos de idade. E se entristece ao lembrar que não conviveu com os bisavós por parte de mãe, Casemiro e Maria Holz, que não conheceu mas sabe que vieram da Alemanha e se conheceram no navio.
Os avós maternos eram colonos e moravam em Joaneta. O avô Jacob Holz faleceu com 80 anos e a avó Ana Leduína Holz, faleceu nova, quando a mãe de Marli tinha apenas 11 anos.
Se destacando desde cedo na família por estar sempre ligada em moda e beleza, Marli foi extremamente cuidada pelos pais. “Eram linha dura”, diz ela, sorrindo, e até os 15 anos ela podia sair apenas uma vez por mês.
Nessa época, o point era a discoteca da Sociedade Atiradores de Dois Irmãos, nas tardes de domingos. As festas com as amigas treinando passinhos de músicas da época, os Kerbs e as risadas inocentes ainda têm lugar na memória de Marli.
O pai a deixou namorar firme somente com 17 anos. E foi com 18 anos que ela conheceu aquele que seria seu parceiro de vida, o marido César Fernando Schütz. Eles se conheceram em 9 de março de 1988, quando o escritório onde ela trabalhava recebeu a visita do então empresário iniciante César. No final do expediente, ele ofereceu carona e ela aceitou. Sentiram que eram um para o outro. Marcaram de se reencontrar e o encontro ocorreu em um restaurante, onde o namoro começou. E, desde então, nunca mais se separaram. Namoraram por 22 anos e a união foi formalizada em 5 de dezembro de 2009, em um badalado evento na Sociedade Santa Cecília, em Dois Irmãos.
Marli admite que sempre foi muito vaidosa e não poderia ser diferente, pois assim é o mundo da moda. Atualmente ela mantém a forma frequentando academia três vezes por semana.
Fazer compras, ver tendências da moda e viajar são outros passatempos da empresária, que também ama ouvir música, “desde que não seja funk”, diz ela.
Sobre questões sociais, Marli afirma que nunca perdeu a esperança em um mundo melhor, embora enxergue com certo temor a situação do país. Sobre seu principal alicerce, não tem dúvidas: as lições que herdou da família.
Estudo e trabalho
Marli começou a frequentar a escolinha aos 3 anos de idade e se recorda que era a menor da turma. Fez o pré e o jardim de infância no Centro Evangélico, com a professora Tia Dolores Wendling. Ainda da fase infantil ela adorava fazer balé com a tia Glaci, da Escola 10 de Setembro, onde faziam apresentações, e até hoje mantém as amizades daquele tempo de escola.
Aos 13 anos, Marli passou a trabalhar no setor calçadista, na linha de produção da Indústria DiKouro, e, no mesmo ano, foi eleita rainha do clube recreativo da empresa.
Posteriormente trabalhou em Novo Hamburgo, no escritório da Mossmann Construções e conciliava o trabalho com os estudos na Escola 10 de Setembro.
Os empregos, no entanto, não eram de fato o que ela queria. Algo nela lhe dizia que seu setor era outro. E foi pensando assim que, aos 15 anos de idade, Marli decidiu investir na carreira de modelo. Fez o primeiro curso na escola Módulo 4, de Novo Hamburgo, e logo iniciou sua carreira em um desfile promovido pela própria agência Módulo 4 na Sociedade Aliança. Em seguida e acreditando no próprio potencial, Marli resolveu voar mais alto e foi fazer cursos com nomes consagrados na moda e imprensa brasileira, como as modelos Luma de Oliveira e Monique Evans.
Aos 20 anos, em 1990, Marli ganhou o disputado concurso Miss Dois Irmãos. Também naquele ano, participou e ficou em segundo lugar no concurso Namorada Vale dos Sinos. E, ainda, foi eleita Primeira Princesa no Musa do Rio Grande do Sul. E as participações nesses eventos seguiram a galope sendo que outro título conquistado por ela foi em 2008, quando ela foi eleita Musa do Baile Vermelho e Branco, da Ginástica, de Novo Hamburgo, na época em que aquele era indiscutivelmente o melhor baile de carnaval da Grande Porto alegre.
Aos 21 anos e já com larga experiência em palcos, Marli resolveu empreender. Após ter concluído o curso com Monique Evans ela lançou o seu próprio curso de modelo. Em abril de 1991 fundou a M Produções e essa era a chance de ela realizar outro sonho antigo: o de descobrir talentos e formar modelos.
Marli já tinha experiência no setor e, na época, aconselhou-se com a então colunista social do Jornal Dois Irmãos, Renata Stoffel, a quem é muito grata pelo incentivo. O novo empreendimento começou com 11 alunas e acontecia no prédio da academia Vidativa.
O início da empresa foi bem complicado, recorda Marli. Com vinte e poucos anos, tinha de administrar a vida pessoal e encarar a burocracia necessária para manter de pé o empreendimento. O que lhe ajudou, lembra ela, foi o fato de ser uma pessoa bem organizada. Mas, por outro lado, o seu jeito perfeccionista de ser a fazia sofrer, porque nunca estava suficientemente bom aos olhos dela. Marli, porém, sempre foi vista na cidade como uma guerreira, uma mulher batalhadora e decidida, e graças a isso aos poucos as pessoas começaram a prestigiar e a clientela foi aumentando. Lojistas locais também entenderam a importância do setor e passaram a apoiá-la, lembra Marli, que passou a oferecer o curso em outras cidades também, como Campo Bom, Gramado, Ivoti e Novo Hamburgo.
Logo a empresa se consolidou e no passar dos anos tornou-se uma marca, uma grife no setor de beleza e elegância em Dois Irmãos. Marli foi sempre a mesma pessoa, amável, trabalhadora, combativa e que olhando seu passado e presente, se orgulha de com seu trabalho ter trazido glamour a Dois Irmãos e autoestima para crianças, meninas e mulheres.
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MARLI SCHNECK
Esposa de: César Fernando Schütz
Filha de: Hugo Schneck e Teresinha Schneck
Neta de: Vicente Felipe Schneck e Joana Schneck, e de Jacob Holz e Ana Leduína Holz