Por Alan Caldas – Editor (Porto - Portugal)
Porto é mundialmente famosa por seus vinhos. Mas tem mais história do que vinho.
------ No passo a passo:
Os romanos chegaram na pequena aldeia de Portus Cale e a engrandeceram.
Em 496 foi a vez dos Visigodos.
Em 716 chegaram os árabes.
A seguir o rei de Astúrias a tomou dos árabes.
Em 880, outro rei asturiano mandou repovoar Portus Cale.
Em 1096, o rei espanhol Afonso VI casou sua filha Teresa com Henrique de Borgonha e como presente de casamento lhes deu um condado: o “Condado Portulacense”, cuja capital era o Porto.
A guerra desenha o mapa do mundo. E foi assim que Afonso Enriques (filho dessa Teresa e Henrique de Borgonha) em 1138 vence uma feroz batalha contra um exército formado por muçulmanos, leoneses e castelhanos. E é esta data (1.138) que se considera o ano base da independência e criação de Portugal.
Cinco anos depois, em 1143, esse conde Afonso Henrique é reconhecido (pelo rei da Espanha) como Rei de Portugal.
Surge, então, o Portugal que nos anos de 1400 abriria as estradas no mar, proporcionando todos os descobrimentos e viagens marítimas.
------ Essa Era passou.
Os séculos se foram. E Porto cresceu tal qual Portugal.
Em 1919, um grupo tenta fazer Lisboa ficar independente, e Porto se torna por um tempo a capital de Portugal.
No andar da história, veio a ditadura de Salazar, que duraria até 1974, quando Mário Soares comanda a Revolução dos Cravos, afasta Salazar e dá início a Democracia em Portugal. Mário Soares é considerado o Pai da Pátria.
Salazar era ditador mas foi bom governante para Porto. Em seu período, muitas infraestruturas melhoraram a cidade e entre elas está por exemplo a ponte de Arrábida, feita em 1963 e que hoje é símbolo da cidade do Porto.
Atualmente Porto não tem a pujança econômica de Lisboa. Mas segue acolhedora e é destino 100% certo de quem deseja conhecer Portugal.
Estive em Porto outras vezes. Não era como é hoje. Numa delas, acompanhando a viagem do Presidente José Sarney, viemos de Lisboa de trem, junto com o Presidente Mário Soares, um homem genial e gentil.
Junto veio o Professor Celso Furtado. Recordo de termos feito um tour pelas vinícolas e “degustado” uns 3 copos em cada uma delas. Vinho do Porto é feito com a uva da região do Douro e que recebe adição de aguardente 3 dias após iniciar a fermentação na barrica. Assim, torna-se vinho licoroso e com alto teor alcoólico.
Na época dessa viagem com o presidente Sarney, as vinícolas já eram em Gaia, cidade que fica “do outro lado” do rio. Todos da delegação ficamos bebendo, depois que Sarney e Mário Soares saíram. E, lá pela meia-noite, voltamos a pé para Porto eu e o professor (e ministro) Celso Furtado, que era um ser humano incrivelmente inteligente, afetivo e que gostava de bater papo. Veio junto o embaixador português Ruy Brito Chaves e Cunha. Caminhamos pela ponte, os três. Rindo do passado. O ministro Celso Furtado dizendo horrores de Salazar. Palavras impublicáveis, mesmo. Era o efeito do vinho do Porto, é claro... Kkk...
Que noite, aquela. Foi em 1986.
Noutra vinda, chegamos aqui no Porto no dia 6 de janeiro, o Dia de Reis Magos. Nesse dia ocorre uma festa de encerramento do Natal, em Porto.
Dezenas de corais, vindos da região do Minho, cantam e dançam em pequenos tablados erguidos na Praça Central. Tinha apresentação da Orquestra Sinfônica de Barcelos, com seus ‘nariz de galo’.
Era uma típica e gelada noite de inverno. Todos vêm para a Praça e ouvindo música se anda de coral em coral, comendo Bolo de Rei e bebendo quentão, o vinho quentinho para amenizar o frio. Tudo na frente da igreja que coroa a praça na parte alta da cidade. O frio em janeiro é de arrepiar, no Porto. Mas a festa é linda.
Agora voltamos ao Porto. E ele evoluiu muito, turisticamente. Tem mais hotéis, restaurantes, bares. Tem a Praça da Ribeira, a parte que fica na beira do Rio, que agora é onde está o agito e que nem existia nas outras vezes em que estive aqui. Virou “point” internacional, a Ribeira, tanto do lado de Porto quanto de Gaia.
Centenas de barcos agora fazem passeios pelo rio. E, é claro, os preços subiram. Mas a cidade continua incrivelmente atraente com seu povo amigável, carinhoso e atencioso, um povo hiper civilizado e amigo, que adora conversar e não se importa com o fato de você não ser português.
Se vier ao Porto, tente ficar na Ribeira. A parte alta é quase uma escalada, de tão íngreme.
*
Na foto acima, o coração de Dom Pedro, preservado