
Por Alan Caldas (Editor)
Seu Rodolfo Lautert, nosso Mestre em ourivesaria e relógios, nasceu em Bom Retiro lá no dia 13 de junho de 1939 e chegou aqui em Dois Irmãos em março de 1961. Veio. Gostou. E ficou. Se tornou um dos comerciantes mais queridos e respeitados da cidade e região.
No último dia 13 de junho ele festejou seus 86 anos de vida. Vida de muito trabalho, mas bem vivida. E, naquele dia, o Rodolfo recebeu o carinho das filhas Vanda e Anete, que o adoram, e foi parabenizado pelos demais parentes, amigos, colaboradores e clientes da Relojoaria e Ótica Lautert. Foi um dia feliz. Dia de muitos sorrisos e “parabéns”.
Porém a vida é um dia por vez. E na manhã do dia seguinte, seu Rodolfo foi surpreendido por uma dor estranha no peito, sentiu uma tontura forte e passou tão mal que chamou os familiares. No meio daquilo acabou tendo um desmaio.
As filhas conhecem o histórico médico do pai, que já teve problemas cardíacos, e de pronto chamaram socorro da ambulância e seu Rodolfo foi levado ao Postão de Saúde, aqui em Dois irmãos. Chegou lá e foi prontamente atendido. Mas enquanto isso estava ocorrendo o mal se agravou e o Rodolfo, agora aos 86 anos, sofreu uma parada cardíaca.
A correria entre médicos e enfermeiras foi imensa, todos tentando trazê-lo de volta. E os minutos foram passando: um, dois, três ... e os médicos fazendo as manobras de reabilitação, e nada de ele voltar. Quatro, cinco, seis, sete ... o desespero começa a tomar conta. Oito, nove, dez, 11 minutos, 12 minutos, até que no décimo terceiro minuto o coração retoma as batidas.
Seu Rodolfo ficou em parada cardíaca por impressionantes 13 minutos, sujeito a todos os maléficos efeitos neurológicos que podem ocorrer quando o coração deixa de bater durante tanto tempo.
Aos 13 ele voltou. Ninguém consegue medir a sensação de alegria ao redor dele, por médicos, enfermeiros e atendentes. E ele reviveu. Treze minutos fora daqui e voltou. Vivo.
No entorno dele, os médicos e enfermeiros, num trabalho meticuloso, técnico e dedicadíssimo se apressavam nas manobras e procedimentos necessários. Seu Rodolfo foi entubado. Recebeu um marca-passo externo. E estava de volta.
Como ele precisava de atendimento de maior complexidade do que o que o nosso hospital pode oferecer, seu Rodolfo foi transferido para um hospital em Novo Hamburgo, a pedido da família.
E, chegando lá, foi direto para a UTI, onde permaneceria por mais 4 dias entubado e sedado para que o organismo se recuperasse.
Nesses dias todos, os familiares e amigos ficaram na torcida e numa cruel expectativa, pois 13 minutos de parada cardíaca pode levar a danos irreversíveis. E o médico que o atendia disse para as filhas Anete e Vanda que só poderia avaliar os danos neurológicos quando ele acordasse. E avisou dos perigos.
Só na quinta-feira pela manhã e ainda entubado foi que o seu Rodolfo acordou. A filha Anete estava ao lado e vendo que o pai abrira os olhos chegou pertinho e com a calma possível para aquela hora a Anete perguntou:
– Pai, você me reconhece?
Houve um pequeno longo silêncio de segundos e então seu Rodolfo balançou a cabeça positivamente, dizendo que “sim”. Com lágrimas, a filha respirou aliviada e sentiu ali que sequelas no pensamento e na memória o seu Rodolfo não tinha. Anete confessou, posteriormente, que não sabia se ria ou se chorava. Na dúvida, sorriu e chorou. O pai estava vivo. Vivo de corpo. E vivo de mente.
No dia seguinte, sexta-feira, finalmente os médicos retiraram o tubo e só então, com segurança, se pode ver e saber que apesar dos 13 minutos “lá do outro lado”, ele estava de volta e com todos os sinais vitais em perfeita harmonia.
“Nem nós nem os médicos sabem como é possível”, disse Anete, “é um milagre que tenha ficado tantos minutos em parada cardíaca e esteja bem”.
Anete agradeceu o atendimento em Dois Irmãos, que segundo os médicos do hospital de Novo Hamburgo “foi muito bom e correto no Postão de Dois Irmãos”. Elogiaram lá o trabalho dos colegas médicos e de enfermagem daqui.
Seu Rodolfo recebeu um marca-passo novo e mais aprimorado do que o que ele já usava. E também vai colocar uma nova válvula. “Esse procedimento é mais delicado”, informou a filha. “Mas o médico disse que ele precisa, porque a qualquer momento pode acontecer de novo esse apagamento, como já aconteceu outras vezes, e se não for feito o próximo pode ser fatal”.
Seu Rodolfo, com seus 13 minutos “do lado de lá” e retornando firme e forte é uma alegria para todos nós que o conhecemos e queremos bem.
Vida longa, seu Rodolfo!