Carlos Henrique Viana Echeverria – Ministro Candidato da Igreja Evangélica (IECLB)
O nascimento de Jesus foi um evento que envolveu pessoas simples e periféricas. A estrebaria reuniu em torno da manjedoura as seguintes personagens: Maria, José e os pastores.
A mãe de Jesus, Maria, era uma adolescente pobre, com idade aproximadamente de 12 a 14 anos. O anúncio da sua gravidez a colocou em risco de vida, por isso ela se refugia e se esconde. Sofria o perigo do repúdio de seu marido e sem a tutela de um homem, naquele tempo, padeceria as penalidades da marginalização de sua sociedade, a fome, o desamparo e a punição por apedrejamento. José, pai de Jesus, era um simples carpinteiro, pobre, seguia provavelmente o ofício de seu pai. Os pastores, nada sabemos, se não que, eram provenientes do Oriente e provavelmente não judeus, ligados a outras formas de religiosidade.
Vivenciar o Natal é ser transportado para este cenário, um tipo de ambiência, um outro lugar: dentro da estrebaria! Dentro da estrebaria conseguimos olhar nosso entorno com a realidade e crueza que de fato possuem. Partindo desse outro lugar, a estrebaria, conseguimos perceber hoje que inúmeras meninas e meninos, adolescentes como Maria, tem sua vida abreviada devido à falta de amparo social, algum grau de insegurança alimentar, o desenvolvimento escolar prejudicado, vivem nas periferias das cidades como ambiente de refúgio para suas famílias. De dentro da estrebaria, crianças como o menino Jesus sofrem o risco da vida encurtada; Herodes e a mortandade infantil estão sempre à espreita.
Quando olhamos o mundo de dentro da estrebaria, percebemos que as portas se fecham para imigrantes, não há hospedaria para quem busca sobreviver. Por mais que os “Josés” batam, peçam, ninguém oferece emprego ou vida digna. De dentro da estrebaria, as “Marias” sofrem violência de uma sociedade hostil e perigosa, pronta para acusar e lançar pedras. Parece que ser Maria ainda é arriscado. Aqui, de dentro da estrebaria, é menos bonito e luminoso. É menos farto de sorrisos e comidas, mas, parece que é o único lugar onde o Natal quer acontecer.
O Natal pode ser melhor vivenciado quando nos permitimos sermos pessoas conduzidas até as estrebarias, e elas são várias. Ainda que as noites se imponham e os tempos sombrios de Herodes ditem o mercado econômico, as estrelas irão brilhar mais intensamente e nos conduzirão às estrebarias. Nesse lugar, os anjos proclamam “glória Deus nas maiores alturas e paz na terra entre as pessoas a quem ele quer bem”, ali, então, nascerá a alegria e se irromperá um Feliz Natal!
(Foto: Divulgação)