Por Alan Caldas (Milão - Itália)
O feriado de Ferragosto é um dia especialíssimo aqui na Itália. É um dia crucial do verão e simboliza uma pausa no trabalho, para viagens e noites com amigos.
No feriado de Ferragosto se vê realmente que italiano parla bene, mangia bene, lavora bene e riposa bene. Fala, come, trabalha e descansa bem.
Nascido na Roma Antiga, o feriado se manteve ao longo dos séculos e passou de celebração pagã para, também, ocasião religiosa.
Lá no Império Romano, o Ferragosto era só pausa no trabalho e diversão.
Porém, a Igreja assumiu essa data, 15 de agosto, como o dia da Assunção de Maria. E, fazendo isso, casou a festa da Terra com a festa no Céu.
Na população o Ferragosto é o período de férias de verão.
Começa hoje,15, e pode tanto ser um fim de semana prolongado, o “feriado de agosto”, ou prosseguir pela maior parte do mês de agosto.
Hoje, contudo, 15, é o dia que italianos dedicam para almoços festivos, danças e cantos alegres, churrascos, passeios fora da cidade, fogueiras e até fogos de artifício espocando aqui e ali, fazendo duo com os sinos das igrejas que quase não param de bater.
O calor nesta época é abrasador e a população corre para piscinas, mar, rio ou lago. É um dia muito feliz o Ferragosto.
Ontem, na chegada em Milão, perguntei ao senhor do taxi “quantos” saem de Milão no Ferragosto.
Ele gostou da pergunta e disse que entre 60 e 70% dos moradores saem e vão para onde tenha água, preferencialmente.
E, sorrindo, me disse que “molti vanno in montagna dove la temperatura è fresca”. Muitos vão às montanhas onde tem menos calor.
Sempre se comemorou Ferragosto. Mas ele “pegou” mesmo foi no fascismo.
Em 1931 Mussolini criou trens populares, a preços baixíssimos, para aumentar o turismo interno e adular seus apoiadores.
Com trens baratos, pessoas mais pobres puderam viajar pelo país nesses “trens populares”, que funcionavam só nos dias 13, 14 e 15 de agosto. E o feriado virou sucesso.
Hoje Ferragosto movimenta cifras incríveis. Veja a foto. E turistas daqui e de fora lotam hotéis, praias, montanhas e restaurantes, sempre na sonora alegria que caracteriza a alma dos “italianos vero”.