Pa. Cláudia P. S. Pacheco / Comunidade Evangélica (IECLB)
No desejo de transmitir a vocês uma mensagem que faça sentido, busquei no tempo que vivemos, tempo de Pentecostes, uma inspiração. E foi numa coletânea de poemas e textos tecidos das experiências de vida e de uma perspectiva diferente e criativa falar de Deus, que encontrei esta velha e tradicional referência bíblica:
“Lá fora a festa estava animada. Celebrava-se o Pentecostes, festa antiga da tradição judaica em gratidão porque a terra deu o seu fruto (Sl 67). Havia gente de todo lugar. Enquanto isso, a Igreja, reunida, estava fechada dentro de uma casa, tal qual no relato de João:
“Chegada, pois, a tarde daquele dia, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham juntado, chegou Jesus e pôs-se no meio, disse-lhes: Paz seja convosco (...) e tendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (20.19-22)
No livro dos Atos dos Apóstolos [...] Lucas conta que o vento soprou dentro da casa onde se encontravam os discípulos e as discípulas de Jesus (v.2) e que foi assim que aconteceu o Pentecostes Cristão. [...] Não é surpreende que tal experiência pneumática tenha se dado num lugar fechado e com tais efeitos especiais?”* Pneuma vem do grego e significa neste contexto, a experiência do Espírito.
De fato, há surpresas nesta velha referência para os tempos que vivemos! Este tempo de pandemia ocorre em tempos de Pentecostes. E um tempo em que a Igreja dos dias atuais também precisa estar mais recolhida em suas casas, diante do número crescente de mortes por COVID-19 e do risco de disseminação. Não confundamos aqui Igreja com “templo”, que é o local onde fazemos nossas celebrações. Nossa fé não ficar colada a um prédio, mas à fé que temos em Cristo Jesus e na salvação do Evangelho. A Igreja é o grupo de pessoas que continua se reunindo, forjando novos caminhos e jeitos de se viver a fé.
Às vezes, fico a pensar, o que se passa nas casas para que as pessoas pensem que somente no templo é o lugar de se viver a fé? E, logo, me vêm à mente as notícias de violência contra mulheres e crianças, no âmbito dos seus próprios lares. Então, torno a pensar no espaço da casa, como um espaço realmente necessário de ser transformado em templo de Deus. E talvez, por isso, seja importante aproveitar esse tempo de pandemia para se submeter a essa significativa e favorável transformação.
*ALVES, Rubem (org). Culto Arte. Celebrando a Vida. Pentecostes. Petrópolis: Vozes, 2002.