Pe. Diego Soares / Paróquia São Miguel – Dois Irmãos
Experimentamos todos na carne as limitações que a pandemia nos trouxe. Muito se falou de como viver o isolamento social de maneira mais saudável possível, preservando a saúde física, gerenciando a saúde psicológica etc., mas e a saúde espiritual? Longe de qualquer disputa entre Igrejas abertas ou fechadas, a questão que se põe a nós é: existe uma fé para tempos de pandemia?
A fé, segundo a carta aos Hebreus, no capítulo 1, versículo 1, “é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”. Esse “algo” que temos certeza e esperamos é Deus, e ele é atemporal. Não se limita a um tempo, a um momento, a uma situação. O susto que nos acometeu nada mais é do que expressão da nossa falta do exercício da fé. Será que era fé o vivíamos antes da quarentena, com nossas idas tradicionais às missas, no piloto automático de cada domingo de manhã, com orações sonolentas e cochilos frequentes, seguidos de uma semana inteira sem me lembrar de Deus? Eu tinha essa certeza firme em Deus, no qual digo que coloquei a minha fé?
O Papa Francisco, na extraordinária bênção urbi et orbi disse que toda essa tempestade pela qual passamos “mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade”. Nossas comunidades, nossas famílias, todas elas foram fundadas na fé em Cristo. Hoje, interpelados pela crise, nos vemos tristes, acuados, desesperados, até. O Santo Padre nos dá o motivo: esquecemos de colocar nossa segurança naquele que não vemos, mas que sempre esteve conosco, muito antes dessa pandemia começar.
A fé, portanto, não deve ser “hábitos aparentemente «salvadores», incapazes de fazer apelo às nossas raízes”, mas um verdadeiro “esperar contra toda esperança” (Rm 4,18). Se nos vimos sem chão, se nos vimos sem segurança durante este tempo, é preciso lembrar que em Jesus, “na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança”. A profunda revisão de vida que temos tido tempo de fazer tem que gerar um nós propósitos novos antes de tudo com Aquele que é o Senhor da vida: DEUS!
* Diretor Espiritual do Seminário Maria Auxiliadora