Por Alan Caldas – Editor
Falam em fraude na urna eletrônica. É um resquício, suponho, da eleição de 1982 no Rio de Janeiro, quando o candidato do MDB, Miro Teixeira, num acerto com um “hacker” do exército, implantou um vírus no computador do Tribunal Regional Eleitoral do RJ. Esse vírus transferia parte dos votos brancos e nulos para Miro Teixeira, candidato a governador que concorria com Leonel Brizola.
Avisado pela agência de pesquisas Gallup que “estava sendo roubado” na eleição, Brizola chamou seu amigo alemão Willy Brandt, que presidia a Internacional Socialista. Willy Brand avisou a imprensa internacional do roubo de votos a partir de um “funcionário do exército” na primeira eleição “livre” após décadas de governos sem eleição.
A imprensa veio ao Brasil.
Brizola denunciou o fato. O Tribunal Regional Eleitoral resolveu auditar as urnas com auditores internacionais. E descobriram o “Diferencial Delta”, como foi chamado o vírus que cometeria a fraude eleitoral passando para o MDB os votos brancos e nulos e lhe dando, assim, fraudulentamente, a vitória na eleição para o governo do Rio de janeiro. O Tribunal Regional Eleitoral refez o lançamento dos votos que vieram de todos os municípios fluminenses e colocou votos brancos no voto em branco e os nulos em voto nulo, e Brizola, como era previsto, ganhou a eleição.
Anos depois, quando vieram as Urnas Eletrônicas, aquele fantasma do Diferencial Delta seguiu assombrando eleitores e candidatos que ainda hoje não acreditam na segurança das urnas eletrônicas, mesmo com toda a “segurança digital” que existe atualmente.
Um detalhe, porém, desse fato é muito importante: aquela eleição “não era” com urna eletrônica. Era “no papel”. Escrutínio manual. Voto a voto. A fraude não foi na votação. Foi na recepção dos votos pelo TRE.
Passaram 40 anos. Mas, dali em diante, acreditar ficou bem, bem, bem mais difícil.