Por Alan Caldas (Editor)
Dois Irmãos deve muito de seu progresso ao trabalho e ação das mulheres desta cidade. A seu tempo e sempre fazendo o que acreditava ser certo, cada mulher prestou e presta grande serviço ao desenvolvimento social da cidade. Vanda Lautert é uma delas.
Vanda Lautert nasceu no hospital de Bom Retiro do Sul, no dia 24 de janeiro de 1961, e seis semanas depois a família se mudou de Bom Retiro (Estrela), onde moravam, para Dois Irmãos, onde seu pai e sua mãe Lery vieram para assumir uma joalheria.
O mundo da joalheria tem uma história incrível que marcou a infância da pequena Vanda e hoje, ainda, é contada e recontada pelos familiares. Essa história é a narrativa da vida de Theobaldo Lautert, seu avô, que era açougueiro e foi para a Alemanha estudar a profissão de joalheiro. Assim que chegou lá, ele viu explodir a Primeira Guerra Mundial. E a guerra mudou tudo. O jovem Theobaldo não só não fez o curso de joalheiro que pretendia, como também não conseguiu mais sair da Alemanha. Ficou lá por muito tempo, até que finalmente conseguiu retornar ao Brasil, mas sem ter feito o curso, e voltou então a ser açougueiro.
Vanda cresceu muito próxima desse avô. E, em sua memória está aquele homem já idoso, muito alto e magro, sentado na cadeira de balanço remoendo silêncios e histórias das quais pouco falava. A pequenina Vanda via o avô e, mesmo sem ele falar, ela sabia que pela mente dele estavam passando lembranças tristes e assustadoras daquele período que viveu em meio a mais brutal das guerras travadas no Ocidente.
O avô Theobaldo casou com Paulina Gehner Lautert em 1922. E ao contrário da memória do avô, a lembrança da avó Paulina guardada na memória de Vanda é muito alegre. Vanda lembra que dona Paulina era comunicativa, sorridente, baixinha e gordinha. Ela se recorda da avó fazendo massa caseira e pegando os restinhos da massa para fritar com banha. Dali se formavam “casquinhas”, que ela colocava por cima do macarrão e que a pequenina Vanda adorava comer.
O avô Theobaldo e a avô Paulina deram 6 tios para Vanda, deixando na memória dela uma ligação muito forte com a família Lautert. Vanda se recorda com grande alegria que sua família ia a cada 15 dias para Glória, que era um distrito de Estrela, para visitar seu Theobaldo e dona Paulina. No início iam de ônibus e depois de carro, e eram momentos de festa e alegria na infância da pequena Vanda.
Pelo lado da família materna, Vanda teve 12 tios, mas ela só conheceu os avós maternos quando já tinha 7 anos de idade. Seu primeiro encontro com eles ficou gravado na memória como algo muito marcante e só ocorreu tão mais tarde porque o casamento de seu Rodolpho e dona Lery inicialmente não foi muito bem aceito pelo pais da noiva, que eram católicos e não queriam que a filha casasse com um evangélico.
Quando Rodolpho e Lery casaram sem o consentimento da família Hauschild, ocorreu uma separação, que duraria 7 anos, até que, finalmente, já Rodolpho e Lerya estando em Dois Irmãos, os avós Osvaldo e Vilinha vieram conhecer a neta e obviamente se apaixonaram por ela. E, desde então, fez-se a paz.
Vanda já tinha quase 7 anos e queria porque queria uma irmã. Nasceu, então, a hoje renomada arquiteta Anete Lautert, que nasceu em 13 de janeiro de 1968 e que é igualmente sócia na Relojoaria da família.
O avô Osvaldo Hauschild era proprietário de terras e agricultor em Bom Retiro. Vanda só o conheceu aos 7 anos de idade, mas ele deixou uma linda memória nela. Vanda lembra dele como um homem baixinho, falante e sorridente, que gostava de fazer churrascos e reunir a família. Já as lembranças da avó, dona Vilinha Hauschild, era a de uma mulher mais quieta e que passava grande tempo na cozinha, até porque, com 13 filhos mais ela e o marido, ela tinha uma família enorme para alimentar três vezes ao dia.
Vanda cresceu em Dois Irmãos e das brincadeiras de infância que povoam sua mente ela se recorda da época em que anualmente podavam as várias árvores da Avenida São Miguel. Nesses dias, ela e as amigas pegavam os galhos para transformá-los em casinha. A infância era muito diferente da de hoje, que é tecnológica. Vanda se recorda de ela e as amiguinhas usarem pétalas de flor maria-sem-vergonha para colar em suas unhas, já antecipando a moda de unhas multicoloridas. Os piqueniques com as coleguinhas eram muitos. E elas as vezes até pescavam lambaris no arroio e fritavam na hora. Também nadavam nos “pocinhos” que haviam abaixo da hoje ponte da avenida Sapiranga. Era uma época de alegria.
Quando chegou a juventude Vanda passou a ir nos bailes de chope e nunca esquece das sessões de cinema que haviam na Sociedade Atiradores e Santa Cecília. Nessa época, ela também participava das reuniões dançantes nas garagens das casas de amigas. E da brincadeira do passa-anel, quando se pedia ajuda das amigas para que o anel parasse justo no rapaz com o qual se queria dançar.
Além da dança, a juventude de Vanda também foi pioneira na área esportiva, pois ela era goleira no time de futebol amador feminino. Aqueles times foram precursores num esporte que era, então, predominantemente masculino, e aquelas equipes femininas foram, provavelmente, as primeiras vezes em que os campos de futebol começaram a ver mulheres jogando.
Brincadeiras. Juventude. Danças. Esportes. E amor. Vanda conheceu Luiz Alberto Moelhecke na casa de suas amigas que eram primas dele. O viu pela primeira vez em 1978. Logo começaram a namorar e casaram em 6 de fevereiro de 1982, na Igreja Católica de Dois Irmãos, com festa na Sociedade Atiradores. Tiveram dois filhos: Felipe Lautert Moelhecke, que é técnico em informática, e Bruna Lautert Moelhecke, que é designer gráfico. Luiz Alberto trabalhou na área de construção civil e atualmente está aposentado. O casal residiu por 28 anos em Novo Hamburgo e, atualmente, têm uma propriedade rural em Morro Reuter.
Vanda fez os estudos primários iniciais em Dois Irmãos, no colégio municipal e, no Colégio Imaculada Conceição. Posteriormente, foi para Novo Hamburgo, onde cursou o Técnico em Enfermagem no Colégio Santa Catarina. O “Santa” sempre foi famoso nessa área, pois formava profissionais que trabalhariam nos hospitais da cidade. Com Vanda não foi diferente e ela igualmente foi estagiar no Hospital Municipal e também no Hospital Regina.
Logo após o curso e já pensando em cursar faculdade, Vanda fez um teste vocacional e ali apareceu a área de psicologia. Vanda fez vestibular e, aos 18 anos, ingressou na Unisinos, em 1979.
Formada, Vanda retornou ao Colégio Santa Catarina, em 1987. Agora, porém, como psicóloga, e por 25 anos dedicou sua vida aquele educandário, atendendo estudantes, pais e professores.
Sempre em busca de novos conhecimentos e tendo a óptica e relojoaria da família em Dois Irmãos, Vanda fez em 2012 o curso de Técnico em Óptica. Passou, então, a exercer essa profissão na óptica do pai, ao mesmo tempo que continuou sendo psicóloga no Colégio Santa Catarina.
Em 2016 Vanda se aposentou na Escola Santa Catarina e ali encerrou sua jornada como psicóloga. Passou, então, a trabalhar exclusivamente na Relojoaria Dois Irmãos, fundada por seu pai em 1961.
VANDA LAUTERT MOELHECKE
Psicóloga e empresária
Esposa de: Luiz Alberto Moelhecke
Mãe de: Felipe Lautert Moelhecke e Bruna Lautert Moelhecke
Filha de: Rodolpho Lautert e Lery Elisabetha Lautert
Neta de: Theobaldo Lautert e Paulina Genehr Lautert, e de Osvaldo Hauschild e Vilinha Hauschild