Por Alan Caldas – Editor
Meu primo precisou fazer exames e pediram a ele vários medicamentos. Um de nome Picoprep. Ele procurou em Porto Alegre numas mil e 200 farmácias. E nada. Em cada uma, ele ouvia dos balconistas a expressão de espanto:
“Picopreeeep???”. Nem a turma da farmácia conhecia. E uma estagiária de Farmácia, chegou a brincar dizendo que “acabaram os nomes normais e agora estão apelando para nomes estranhos ...”.
Informaram para ele que era um composto de picosulfato, oxidomagnésio e ácido cítrico. Por fim, correndo para lá e para cá, já meio de língua de fora ele encontrou o medicamento.
Existem tantos nomes diferentes de remédio que é impossível um farmacêutico ou atendente saber quantos são. Cada dia lançam dois ou três novos, disse uma atendente.
Ouvindo essa história do meu primo, recordei que no ano de 1988 eu estava na Rússia e fiz uma longa reportagem sobre a quantidade de medicamentos à venda no mundo. Naquele ano, o Brasil tinha 35 mil nomes diferentes de medicamentos. Já nos Estados Unidos, também em 1988, existiam 3.500 nomes de medicamentos. E na União Soviética (que na época ainda existia) haviam somente 300 nomes diferentes de medicamentos naquele ano de 1988.
Era assim: 300 na URSS. 3.500 nos EUA. 35 mil no Brasil.
Podia parecer estranho, mas com os 300 medicamentos vendidos na União Soviética eles cobriam 100% do espectro de medicamentos necessários. Da mesma forma, nos EUA aqueles 3.500 medicamentos eram suficientes para atender a demanda de fármacos. E, enquanto isso, o Brasil precisava de 35 mil tipos diferentes.
Já éramos vítimas de um comércio impressionante nessa área, e na reportagem ficou em aberto a pergunta de “quem” controla a produção com qualidade e venda de 35 mil diferentes tipos de medicamento no Brasil.
Hoje pela manhã, tentei encontrar na transparência das informações, junto ao Ministério da Saúde do Brasil e na ANVISA, QUANTOS medicamentos de nome diferente são vendidos no nosso país atualmente. Não encontrei.
Virei os sites de cabeça para baixo. E nada. Não existe essa informação. Mas, a julgar pelo que dizem os balconistas, aqueles 35 mil que existiam em 1988 devem ter se reproduzido. E a pergunta de “quem” consegue controlar isso, continuará em aberto.