Carlos Henrique Viana Echeverria – Ministro Candidato da Igreja Evangélica (IECLB)
Assisti algum tempo atrás o filme “Up, altas aventuras”. A história se inicia narrando o encontro de duas crianças, Ellie e o Fredricksen, ao longo do enredo as personagens crescem e amadurecem na companhia uma da outra pessoa.
Ellie é aventureira, destemida e cativante, o Fredericksen, no entanto, segue o oposto, é introvertido, temeroso e não deseja correr riscos. Entre o medo e a aventura, surgi uma linda amizade, fortalecida no respeito aos limites e no incentivo, sobretudo, no desejo de realizarem uma grande saga: desbravar uma aventura até o “Paraíso das Cachoeiras”. Esse era a princípio, o sonho da corajosa Ellie.
Fredericksen e Ellie se casaram e traçaram planos para a futura grande aventura, explorar o “Paraíso das Cachoeiras”. Juntaram suas economias como podiam e com grande esforço, moeda a moeda, suor a suor. Mas inesperadamente, o cotidiano da vida se impunha e surgiram, ao longo dos anos, diversos imprevistos e reparos a serem realizados: na casa, carro... O cofrinho com as economias para a viagem tinha que ser quebrado e o processo se iniciava novamente. A medida que envelheceram, Ellie começou a ficar enferma, por fim, faleceu. A perda da companheira e amiga levou o Fredricksen a uma tristeza. Nessa altura do filme, o seu rosto muda completamente, a testa fica franzida e o mau humor passa ser regra na sua expressão.
Inusitadamente uma criança, Russell, um escoteiro, bate em sua porta desejando realizar alguma boa ação para receber uma medalha do escotismo. Estes dois são insistentes, de um lado, Russell se recusa ir embora sem fazer uma boa ação ao vovô e por outro lado o Fredricksen segue exímio na tarefa de ser rabugento e nega atenção ao menino. Como era de se esperar, a relação se estreita e ganha companheirismo, aquela criança levou o vovô novamente ao caminho da esperança, sempre há um novo jeito de ir ao “paraíso das cachoeiras”. Anteriormente, Ellie salvou Fredricksen do medo, agora Rusell o salvou da amargura.
Nesse filme eu transitei rapidamente entre as emoções, ri e chorei, torci pela futura viagem do casal, como também desejei que Ellie se recuperasse. Fui pego de surpresa quando ela faleceu. Existe algo nessa história que nos fala da saga humana, dos esforços rotineiros, das relações e afetos que tentamos cultivar, os perrengues que se impõem na nossa trajetória e temos que resolver, e dos inúmeros cofrinhos que ao longo da vida quebramos.
O Ano Novo cria a sensação do tempo fatiado, como poetizou Carlos Drummond e honestamente nada se altera. As ruas seguem como no dia anterior. Os cachorros a uivar, os carros a buzinar e a sorveteria segue tal e qual estava ontem. No caso da sorveteria, tenho que confessar, sou um frequentador assíduo, tenho reparado mais pessoas se avolumando nesses dias de calor.
No entanto, o Ano Novo carrega uma expectativa de renovação, funciona como um cofrinho a ser preenchido. Conjuntamente, o Natal nos lembra da esperança que veio por meio de uma criança e nos leva a traçar novas aventuras. Ao longo da nossa jornada, podemos nos tornar ranzinzas e até ficar carrancudos, ou então, podemos ouvir as batidas insistentes na porta, é a vida pedindo passagem.
O que muda quando muda o ano? Compete a nós como será o caminho e as repostas que daremos aos desafios. Portanto, desejo a você novas aventuras e um novo ano. Que a esperança da manjedoura te conduza em 2023!