Por Alan Caldas – Editor
Quem vê a harmonia com a qual o prefeito Jerri e Juarez administram a prefeitura numa coalizão partidária PP-MDB quase não acredita. O PDS (Arena) e o PMDB (MDB) expressavam na política até início dos anos 80 a mesma exclusão e ira que havia até os anos 60 entre luteranos e católicos.
Mas evoluímos? Adversários de ontem, que tinham desconsideração recíproca, agora são parceiros e até amigos sinceros. Eu vi essa mudança começar. Foi no governo João Arnildo Mallmann e Renato Dexheimer, ambos do PMDB.
Mallmann concorreu contra Justino Antônio Vier e seu vice, Felippe Seger Sobrinho, fundador da Herval e um homem adorável. Justino foi o primeiro prefeito e era o maior líder da antiga Arena (então PDS).
Arnildo Mallmann era forte empresário. Nos Calçados Maide empregava milhares de pessoas. E o PMDB na época era presidido por João Alberto Stoffel.
A campanha foi empolgante. O Jornal Dois Irmãos dançava sobre um fio de navalha. Notícias só 100% neutras. Lembro que eu e a Angela (ainda Schneider, hoje Bender) nomeamos as repórteres Marlise Balz e Berenice Menin, cada uma para acompanhar o dia a dia de cada candidato. E alertamos: só fatos! Zero opinião.
Foi a campanha do século. Comício quase todo dia, do Travessão até Nova Renânia, lá na divisa com Gramado, pois Herval e Morro Reuter ainda eram nossos distritos.
Após 3 meses de centenas de reuniões, comícios gigantescos, carreatas de 400 carros ou mais, foguetório toda noite, bailes, o tradicional disse-me-disse e tudo que política tem, veio então o dia do pleito. Escrutínio a mão. Urna a urna. No salão Santa Cecília.
Por margem razoável (não espetacular) Arnildo Mallmann venceu. Festa de uns. Tristeza de outros. Eleição não tem empate. E o PMDB finalmente chegava ao Poder e assumiria a Prefeitura de Dois Irmãos. Era a glória para o partido. Muitos (fora da política) acreditavam que seria uma política de terra arrasada. Mas ocorre que seu Arnildo era administrador. E tinha planos.
Mallmann e Renato assumiram no dia 1° de janeiro de 1989. E Mallmann chamou os Secretários de Governo do seu antecessor, Romeo Wolf, e pediu se poderiam continuar no cargo e ajudar a formar Secretários tão bons quanto eles. Queria que a cidade continuasse a ser tão bem administrada quanto vinha sendo até ali.
Houve um frenesi. Mallmann sugeriu o armistício. A Carta da Paz. E iniciava-se ali um tempo de entendimento que no futuro levaria os ultra adversários a se coligar em nome do bem maior que é Dois Irmãos. Foi o maior, melhor e mais inteligente lance político que vi em toda minha vida.
O governo foi montado. Renato, o vice, assumiu a secretaria de Administração e depois substituiu seu Edmundo Lorenz nas Obras. Marlene Nienow foi treinada por Antônio Nelson Schneider, e mais tarde substituiu ele na Fazenda. Paulo Fritsch assumiu o Planejamento. E Hilária Arnold Kreuz se tornou secretária de Educação pois já acompanhava o Secretário Osório Schneider. No jurídico, seguiu a dona Larissa, que assumiria a Administração quando Renato assumiu as Obras.
Manso. Pacífico. Sem guerra. E com o passar dos meses, Arnildo Mallmann foi agradecendo aos ex e passou a colocar os novos em seus lugares. O governo foi um sucesso.
Que aula nos deu o Mallmann. Que aula! Deus o tenha.