Por Alan Caldas (Editor)
O Eloy é um dos moradores típicos da avenida São Miguel, no Centro de Dois Irmãos, onde vive, agora, por mais de duas décadas.
Como tantos no município, o Eloy é “estrangeiro”. Nasceu noutra cidade. Mas se apaixonou pelo nosso modo de viver e adotou Dois Irmãos como sua cidade do coração. E nunca mais foi embora.
Nascido no município de Ijuí, em 24 de junho de 1957, Eloy de Oliveira Júnior chegou na nossa Dois Irmãos em 1991. Veio pelo Poder Judiciário, para trabalhar como Distribuidor-Contador no Fórum local. Em 1995, foi para a aposentadoria.
Solteiro e sem filhos, ele fez naqueles anos várias amizades entre nós. E, já estando encantado com o que vira na cidade, o Eloy decidiu se aquerenciar por aqui mesmo. E aqui ficou. Entre conhecidos e amigos, passou a aproveitar a aposentadoria entre nós.
Uns 5 ou 6 anos atrás, ele não lembra bem, o Eloy sofreu um infarto. O coração deu uma freada e o Eloy viu o teto girar. Mas, por sorte, o preço não saiu tão caro. E, tomando um remédio aqui, outro ali, os médicos o liberaram e a vida seguiu firme.
Dois meses atrás, porém, o Eloy começou a sentir algo diferente em seu corpo. Dessa vez não no coração, mas nas pernas e nos pés. O pé parecia ter algo na sola. Algo ruim. Algo que lhe impedia de andar direito. As pernas, por sua vez, ambas começaram a meio que inchar. Mas o Eloy não ligou. E foi levando.
Por “ir levando” ele começou a sentir o negócio piorar. Os pés estavam virando uma bola e ele praticamente não conseguia pisar. As pernas, por sua vez, aumentaram dramaticamente de espessura. E o Eloy firme. Nada de ir ao médico. Até que uma senhora que lhe faz a faxina no apartamento viu seu estado físico e o conduziu ao Posto de Saúde, aqui em Dois Irmãos.
Quando foi ao hospital, o Eloy não estava só com pernas e pés assustadoramente inchados. Ele estava já por quase 5 dias com o organismo paralisado. Não conseguia mais evacuar. Nem urinar. A situação era dramática.
E foi assim que ele chegou ao Postão.
Os médicos olharam o Eloy. Analisa daqui. Pergunta dali. Ficaram com ele um tempinho. E perceberam que ali no Posto não teriam o que fazer pelo paciente.
Quando é para se ter mais tempo de vida a história se ajeita. O Eloy tem uma sobrinha que é fisioterapeuta. E ela, vendo o estado físico do tio, pernas inchadíssimas e pés com erisipela, ligou os alertas e disse que aquilo que o Eloy tinha iria rapidamente evoluir para uma trombose séria. E o avisou do alto risco que ele corria de perder uma ou ambas as pernas. Ou mesmo morrer.
Assim o Eloy percebeu finalmente a gravidade do que tinha. E foi essa sobrinha que conseguiu fazer ele se dar conta realmente da gravidade que o encaminhou com urgência para um hospital na Capital.
Como funcionário estadual o Eloy é beneficiário do IPE, e foi pelo plano público que a sobrinha o internou no Hospital Divina Providência, em Porto Alegre.
Ao chegar na triagem do hospital o Eloy foi imediatamente levado para o Centro de Tratamento Intensivo, a chamada “UTI”. Ali ficou sob fortíssima medicação e atenção durante uma semana e meia.
Nesse período, ele lembra, precisou usar sonda para poder urinar e também usou fraldas, porque havia perdido totalmente o controle dos esfíncteres. “É ali que você reavalia os conceitos que tem na vida”, me disse o Eloy.
Foram 11 dias na UTI e outros 5 ou 6 dias no hospital. Foram tantos que ele nem lembra bem quantos. Mas saiu vivo.
As pernas voltaram ao normal. Os pés voltaram a ser os pés com os quais ele tem caminhado nos 66 anos de vida e que, naqueles dias antes do hospital, ele não conseguia mais usar.
Na sexta-feira pela manhã eu estava em frente à histórica e linda relojoaria do meu amigo Rodolpho Lautert, quando de longe vi o Eloy lá na esquina do jornal. Ele estava retirando a edição do Jornal Dois Irmãos. Olhei para ele e quase não o reconheci. Está magríssimo, para o que era.
Ele me contou essa história e disse que deve ter perdido 30 quilos ou até mais. Ainda não se pesou. Perdeu barriga e o rosto murchou. Mas o olhar está bem alerta. E ele já não sente dor. Caminha normalmente. E o corpo voltou às funções orgânicas normais.
Bem-vindo, amigo Eloy.
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