Por Alan Caldas (Editor) / Na foto acima Alan com Tarcillo e Liria
Ao meio-dia de ontem, segunda-feira, 4 de setembro, participei da comemoração familiar no aniversário do querido professor Tarcillo Lawisch. Além da comida espetacular e farta, um verdadeiro banquete elaborado e servido pela adorada “tia” Liria, sua esposa e minha amiga de 40 anos, ainda pude encontrar por lá pessoas que não via por muito tempo, como a doutora Bruna, o Pedro, a Patrícia, a Iara, a tia Glaci, a Teresinha, o Jairo, a Marisa, a Nelsi, o Wunibaldo, a Iria, a Marina e o Luiz.
Chovia lá fora, mas lá dentro o clima era adorável.
Minha história com essas duas pessoas vem de décadas.
Conheci a Liria quase no primeiro dia em que chegamos aqui para fundar o Jornal Dois Irmãos, lá no século passado, em 1983. Ela tinha um salão de beleza e, nas horas de folga, dava aulas de folclore alemão para um grupinho de crianças que hoje são adultos e meus queridos amigos ou bem conhecidos nesta cidade que amamos. Foi o prefeito Romeo Wolf que me indicou para falar com ela sobre a cultura que desejávamos apoiar e perpetuar na cidade.
Então fui até o salão para falar sobre isso. Ela estava trabalhando, eu recordo, e não me conhecia nem eu a ela. Mas foi uma empatia imediata. Amizade a jato. Admiração mútua. Estava ocupadíssima, eu recordo, e enquanto ela entre uma tesourada e outra cortava cabelos e arrumava as clientes, fiquei sentadinho ali, só aguardando, ouvindo e aprendendo, pois muitas clientes falavam em alemão.
Ao final, falamos sobre folclore e cultura. A reportagem sobre os “Alemãozinhos da tia Liria”, meninos e meninas que ela ensinava a dançar e cantar folclore alemão, saiu no jornal em grande destaque. E, desde então, magicamente a Liria se tornou para mim a “tia” Liria, uma espécie de parente pelo meu coração. E o afeto mútuo daquela tarde segue até hoje, graças a Deus, sem uma mácula que seja nestes agora mais de 40 anos de amizade sincera.
O Tarcillo, nosso aniversariante que ontem comemorou 92 anos em admirável e invejável forma física e psíquica, eu conheci na Unisinos, dois anos antes de conhecer a tia Liria. Respeitadíssimo entre os padres jesuítas, ele era professor no chamado “básico” da Universidade. Esse “básico” eram as 5 cadeiras obrigatórias que se fazia, no meu caso, no acesso ao curso de Ciências Jurídicas e Sociais.
O Tarcillo dava aula de português. Revisava em 4 meses todo o aprendizado que havíamos tido no primário, ginasial e secundário de então. Era puxadíssimo, eu lembro. Tínhamos leituras de vários livros e centenas de exercícios práticos. Era de moer. Mas a criatura saía dali lapidada e intelectualmente bem mais ampla por dentro do que quando entrara.
Recordo que, no primeiro dia, pisei na sala de aula e vi o professor Tarcillo em frente o quadro. Uma cena inesquecível. Notei sua forma garbosa de se postar fisicamente. Percebi sua maneira firme de olhar. Notei sua voz clara e da qual transbordava a grande cultura que dividia conosco graças à sua larga experiência como professor.
Era um Mestre, sem dúvida, eu pensei ao vê-lo. Fiquei muito bem impressionado com sua forma de Ser. E, aquela admiração, sedimentada pelos acirrados e grandiosos debates culturais que só o bom convívio universitário proporciona, foi nos lapidando e se transformou em amizade.
Quando a tia Liria se encontrou com o Tarcillo, porque ele respondia pela área cultural na Unisinos, eu fiquei maravilhado. Foi como se duas pessoas da minha família estivessem se unindo pelo coração. O casamento deles, no dia 9 de julho de 1994, que a tia Liria recorda como tendo sido em um dia “muito frio”, selou com o divino calor do amor duas pessoas incríveis que precisavam de amor, porque o mereciam, e o enlace foi sacramentado pela presença de 9 padres no altar. Foi lindo. Lindo, não. Foi encantador!
Ontem, ao atender ao gentilíssimo convite do professor, fui surpreendido pela jovialidade e força do Tarcillo. Aos 92 anos ele é a prova viva de que o coração não tem rugas e que a vontade da alma nos faz jovens em qualquer quadra do tempo. Quase não acreditei, mas ele me levou para ver que até mesmo uma grande horta ele ainda cultiva no fundo da casa.
Foi magnífico estar lá. Magnífico por ele e pela tia Liria. Mas, também, pela presença de pessoas maravilhosas com as quais por décadas tenho convivido aqui na nossa Dois Irmãos. Pessoas que aprendi a admirar e querer bem como se fossem da minha própria família. No fundo, Dois Irmãos é uma grande família, pois a cidade é a nossa casa.
Entre todos que estavam lá, a que me fez palpitar mais forte o coração foi a adorável tia Glaci, esposa do meu inesquecível e bom amigo Fernando Doerr. Em nome dela, envio por aqui meu carinho, meu respeito e o mais feliz e sincero “muito obrigado” pela amizade a todos que, assim como eu, foram lá abraçar o aniversariante e cantar o Parabéns à Você ao Mestre Tarcillo. Que a vida nos preserve tal qual ontem, carinhosos e amorosos uns com os outros, para que o tempo nos seja sempre leve e bom como tem sido com o nosso amigo Tarcillo.
Bruna, Pedro, Patricia, Iara, Glaci, Teresinha, Jairo, Marisa e Nelsi. Em frente, Wunibaldo, Iria, Tarcillo, Liria, Marina e Luiz