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Informação nunca é demais. Serve para entender o que se passa além do nosso pequeno umbigo, criar base para nossas próprias impressões ou simplesmente ter sobre o que falar em família, entre amigos, num fim de semana despretensioso. Por exemplo: você consegue imaginar o aparato quase de guerra que envolve a segurança de um presidente americano, considerado um dos homens mais poderosos e visados do mundo?
Para começar, cada saída do presidente é acompanhada por uma verdadeira tropa veicular. São viaturas e motocicletas policiais, utilitários pretos, limusines blindadas, carro de processamento de emergências químicas, força militar de elite com metralhadoras à vista, ambulância e picape equipada para detecção de projéteis. Além disso, o tempo inteiro há um helicóptero por perto pronto para retirá-lo se for preciso, atiradores a postos em telhados ao longo do caminho que ele percorrer, um médico particular acompanhando-o para qualquer emergência e um estoque do seu tipo de sangue para o caso de precisar de uma transfusão.
Essas e outras curiosidades estão no livro de memórias de Michelle Obama, mulher do ex-presidente Barack Obama. Lançado em novembro do ano passado, Minha História já vendeu mais de 10 milhões de cópias e caminha para se tornar a autobiografia mais vendida. Ainda sobre detalhes da proteção ao mandatário dos Estados Unidos e sua família, Michelle descreve a limusine presidencial como um tanque de sete toneladas disfarçado de veículo de luxo, equipado com canhões de gás lacrimogêneo, pneus à prova de rupturas e um sistema de ventilação fechado capaz de proteger seus ocupantes em caso de ataque biológico ou químico.
Calma, não vou estragar o prazer da leitura de ninguém. O livro vai além, traz reflexões sobre questões mais densas, transmitindo impressões de quem conhece não apenas as peculiaridades da Casa Branca, mas, principalmente, os dramas do racismo e da violência. Sem esquecer, é claro, da sordidez da política. Escreve ela:
- Nunca fui fã de política, e minha experiência nos últimos dez anos pouco contribuiu para mudar minha mente nesse sentido. Continuo a me espantar com a maldade – com a rixa cega entre o azul e o vermelho, essa ideia de que temos que escolher um lado e nos prender a ele, incapazes de ouvir e ceder, às vezes até de ser cortês.
Falando em política...
Reportagem da Folha de S.Paulo, publicada no dia 24, mostrou que viagens internacionais de deputados federais têm levado desde outubro do ano passado uma média de 26 parlamentares para fora do país, por mês, para destinos nos Estados Unidos, Europa e Ásia, alguns mais de uma vez. Só de janeiro de 2018 a janeiro de 2019, esses deslocamentos custaram R$ 3,9 milhões.
De acordo com a matéria, o objetivo oficial das viagens, autorizadas ou negadas por decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é, entre outros, dar aos deputados “acesso a novos conceitos, políticas públicas e experiências legislativas úteis ao Brasil”. Na prática, a “CamaraTur” tem sido usada para viagens de deputados, acompanhados pelos cônjuges (o custo de eventual acompanhante não é bancado pela Câmara), para destinos turísticos, com precária justificativa das razões e ganhos ao Legislativo desse tipo de deslocamento.
Nos quatro meses do final da legislatura passada, por exemplo (outubro de 2018 a janeiro de 2019), o já presidente Rodrigo Maia autorizou 37 deputados (22 em fim de mandato) a viajarem para serem observadores de encontros da 73ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Foram R$ 650 mil em gastos. Naquele período, Maia estava em campanha para se reeleger ao cargo de presidente da Casa, o que acabou conseguindo em 1º de fevereiro deste ano.
Quer dizer...
A nova política é a velha política.
E a velha política é sempre atual.
(Publicado na edição de 28 de junho de 2019)