P. Leomar Fenner / Comunidade Evangélica (IECLB)
A autoridade da Bíblia recebe singular reforço pela afirmação de sua inspiração. Na verdade, a Bíblia não teria autores, e, sim, um só autor, o próprio Espírito Santo. A própria Escritura o confirma. Diz a passagem de 2 Timóteo 3.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino (...)”. Algo semelhante lemos em 2 Pedro 1.21. As pessoas, autoras dos textos bíblicos, escreveram movidas pelo Espírito Santo. A existência da Bíblia, pois, não se deve à decisão de alguma instância humana. Ela nasceu por iniciativa do Espírito. Nisto há consenso na cristandade.
É importante anotar que Lutero, mesmo assim, não pode ser chamado um “fundamentalista bíblico”. Ele não é adepto da inspiração verbal. Distingue entre letra e Espírito, entre Escritura e evangelho. Nem todas as passagens bíblicas possuem a mesma autoridade. É conhecida sua crítica à Carta de Tiago, considerada por ele “epístola de palha”. Constatou nela muita lei e pouco evangelho. Para Lutero, a Bíblia possui pontos altos e baixos, partes de maior e outras de menor densidade evangélica. Por isso erra quem a lê de modo “linear”, sem critério avaliativo, sem percepção para o essencial. A Bíblia tem um centro que é Jesus Cristo. É a partir dele que quer ser entendida. Leitura fundamentalista da Bíblia não constrói igreja. Acaba produzindo seitas.
Isto significa que a Bíblia é palavra de Deus somente à medida que “promove Cristo”. Tornou-se famoso esse critério. Da mesma forma Lutero poderia ter dito que o que está no miolo da Escritura é o evangelho da justificação por graça e fé.