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Semana passada, pelas redes sociais, no mesmo dia um jovem casal comemorava seu quinto aniversário de casamento e um ex-fumante completava cinco anos sem cigarro. A coincidência da data não passa disso, coincidência. O que chama atenção é como um dia qualquer, para mim ou para você, pode carregar significados diferentes para diferentes pessoas.
Todo dia pode ser só mais um ou pode ser o primeiro para aquilo que se deseja. Por vezes, é difícil raciocinar e racionalizar em meio ao caos interior que toma conta de muitos de nós. O receio nos trava, o tamanho que damos ao problema nos assusta, e assim somos facilmente mastigados e engolidos pelos próprios (maus) pensamentos. A espiral descendente parece incontrolável, irreversível. Não por coincidência, há tantos que hoje sofrem dos males da mente e do espírito. Encarar a realidade parece um ato suicida, mas será que o ângulo nos favorece?
Não tenho estofo para ensinar sobre qualquer coisa ou sobre coisa qualquer – nem pretendo! Nestes momentos, valho-me de quem sabe mais, de pessoas como a Monja Coen:
- É o seu olhar que transforma a realidade. Transforme o seu olhar e transforme a vida.
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Falar é fácil, eu sei.
Repare, contudo, que muitas vezes não queremos nos dar ao trabalho nem pelo bem de nós mesmos. Ajudar-se requer esforço, pode significar mexer em feridas que a todo custo não deixamos cicatrizar. Ignoramos o óbvio: o inimigo quase nunca mora ao lado, quase sempre mora dentro.
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Olhar para o lado é mais cômodo.
Apontar defeitos e procurar culpados são práticas que criam a ilusão do contentamento, mesmo que estéril e fugaz. Diminuir a própria dor à custa da dor do outro apenas alimenta o ciclo dolorido da eterna fuga, enquanto que o mal-estar de olhar para si tende a ser passageiro, um trampolim inesperado.
Precisamos entender, eu, você e quem estiver disposto, que qualquer dia pode ser o dia para começar, para recomeçar, para mudar o que deve ser mudado. Ninguém disse que não vai doer, que não será pesado, mas nos cabe acreditar na importância de cada mínimo esforço. Como escreveu o filósofo e psicólogo americano William James (1842-1910), “a vontade de ter fé é o ingrediente mais importante para criar fé na mudança”.
Em tese, cada um sabe dos seus medos, das suas angústias – todos os temos! A parte boa de tudo isso é que não precisamos começar do zero, sozinhos. Aqui, sim, convém olhar para o lado e buscar ajuda, seja num gesto, num olhar, numa palavra ou no silêncio que nos conforta quando nada precisa ser dito.
Portanto, tenha fé na mudança.
Ou mude sua fé.