(*) Por Maurício Klein
Posso dizer que o PT não é contra o fundo eleitoral público. É contra o financiamento empresarial, porque entende que ele é a fonte maior da corrupção e porque desequilibra a disputa eleitoral a favor daqueles que têm muito dinheiro e querem eleger os seus políticos para servir aos seus interesses, legislando e governando para ampliar suas riquezas em detrimento de um maior empobrecimento da população.
Temos muitos exemplos nesse sentido (um trilhão em isenções fiscais para petrolíferas estrangeiras, aumentando os ganhos de quem não precisa, e uma reforma da previdência que retirou da maioria o direito a uma aposentadoria digna, por exemplo).
O PT votou contra, porque entende que podemos fazer campanhas mais baratas, ainda mais nesse momento de pandemia, de crise econômica e que tem gerado tanto sofrimento, tantas carências e perdas econômicas para muitos. Inclusive, o PT defende uma legislação política eleitoral mais democrática e menos personalista, com votos em lista, com mais espaço para mulheres, por exemplo, para evidenciar mais o programa do que os personagens.
A gente precisa do político para gerir os serviços públicos, viabilizar as obras públicas. Então, eleger pessoas é necessário. Mas ninguém é candidato de si e para si mesmo. Não podemos defender a ideia de que aqueles que quiserem ser candidatos que vão e paguem as custas de sua campanha. Se for assim, depois de eleito o sujeito poderia dizer que não deve nada pra ninguém e que vai governar olhando os seus interesses, buscando eventualmente se ressarcir do investimento de campanha ou tirando vantagens/privilégios pessoais e familiares.
Sei que temos a alternativa de fazer a política com a contribuição dos filiados, amigos e devemos caminhar nessa perspectiva. Mas quantos de nós realmente têm condições e disposição de ajudar financeiramente? E quantos de nós estariam em condições e dispostos para serem candidatos, pagar as contas de sua campanha, se eleger e depois lutar a favor dos interesses do povo, contra a apropriação e parasitismo de grupos econômicos poderosos que operam desde sempre junto ao Estado para tirar vantagem do recurso público?
Como garantir, o direito a participação política e o lançamento de candidaturas de segmentos como das empregadas domésticas, de pequeno agricultor, de uma comerciária, de um pedreiro, por exemplo? Sei que nos municípios menores, a gente consegue se eleger até sem gastar dinheiro. Mas como fazer isso numa eleição para deputado, prefeito de uma cidade grande ou governador?
Então, na minha modesta opinião, fundo público eleitoral, com legislação adequada, pode ser a forma mais barata e democrática para a realização das escolhas de nossos representantes para gerir os serviços públicos.
Abraço fraterno a todos.
(*) Maurício Klein atuou como sindicalista, professor e foi secretário de Educação em Dois Irmãos.