Por Alan Caldas – Editor
Quem viaja se depara com a falta desse ingrediente fundamental da cultura culinária brasileira: o cafezinho “passado”. Agora é tudo gourmet. Tudo “expresso”. Tudo feito em máquina. É bom, também. E é moderno. Tem meu respeito e meu elogio. Mas, ao meu gosto, é um café muito forte.
Sinto falta do café passado no coador. Café como era antes. Café mais fraco um pouco, mas com “aroma de tempo”. Café com lembranças da casa da mãe. Do fogão a lenha. Do bule em cima da chapa, aguardando uma eventual visita para a qual se dizia:
– Vamos tomar um gole?
Um gole. Era assim que chamávamos o cafezinho lá em Vacaria. Em viagens, porém, e com o tempo se escorrendo pelo meu tempo, até havia me esquecido disso, pois fora do Brasil o café passado já não existe. Agora, porém, num supermercado aqui em Viena, na Áustria, a Angela encontrou essa maravilha: o café em sachê. Café que se “passa” como se faz chá.
Foi um achado poético. É um espetáculo esse café. Vem 16 saches no saquinho. Cada sachê é suficiente para duas xícaras, se você não gosta muito forte. Custa 4 euros, o que dá aproximadamente 24 reais. E serve 32 xícaras. Baratíssimo. Simplíssimo de fazer. E rápido. Pega o sachê, põe na água quente, espera um minutinho e... passe de mágica: café quentinho, aroma, gosto e tudo mais de café coado no bule da dona Cecília Silveira Antunes de Melo Caldas, nos Campos de Cima da Serra.
Como diz o Chef Claude Troisgros:
– Que marraaavííílha!!!