Pa. Cláudia P. S. Pacheco / Comunidade Evangélica (IECLB)
No Evangelho do 4º Domingo de Páscoa, João 9.1-41, encontramos a história da cura de um cego de nascença. As pessoas não acreditando na cura feita por Jesus, insistem perguntando ao cego que passou a ver: Como te foram abertos os olhos?
Pela fé, podemos dizer que nestes tempos difíceis nossos olhos estão sendo abertos e desafiados a ver o nosso tempo de outra forma, a contemplar a vida e seus limites a partir de outro ângulo... a partir de uma dor que afeta o mundo inteiro, mas também a partir de uma esperança solidária. Estamos desafiados a rever o nosso tempo a partir de nossas casas, do lugar que abriga e acolhe as nossas vidas mesmo que seja em uma condição de isolamento. E perceba que mesmo assim estamos interligados, ou seja, o que fazemos afeta positiva ou negativamente a outra pessoa. Isto sempre foi assim, mas agora diante desta pandemia estamos percebendo e sentindo diretamente em nossas vidas.
Este tempo, difícil de ser compreendido, pela fé nos ensina muitas coisas. Estávamos tão acostumados a ir aos cultos e missas em nossos templos, mas hoje somos levados a perceber que Deus não se prende ao templo, que Ele está conosco em nossas casas e com nossos anjos nos hospitais. Deus nos toca por meio de tantas mensagens preparadas por pastores, pastoras, padres, ministros e ministras e veiculadas pelas mídias. Mas, também Ele toca famílias em suas casas em momentos de meditação, orações e terços. Esse tempo difícil está nos ensinando que Deus habita onde ele quer estar. Deus nos encontra no irmão que nos cuida e protege com um sorriso, ao invés de um aperto de mão. Deus nos encontra no supermercado, quando somos acolhidos pela irmã que higieniza o carrinho de compras e que ainda marca o chão para nos manter distantes 2 metros. Somos levados a perceber que a vida, embora precise da economia, está sendo colocada acima dela. Então, somos comovidos pela atitude de empresas que param suas máquinas e convocam seus empregados e empregadas a preparar equipamentos de prevenção, pelas atitudes de nossas autoridades que se unem incansavelmente e não medem esforços e investimentos para proteger a saúde de nosso povo.
Não é tempo de buscar de culpados pela pandemia, é tempo de empenho pela vida, de conter a disseminação do vírus. Nossos olhos têm sido abertos para uma Grande Aliança em favor da vida. Precisamos uns dos outros. Em cada gesto de ajuda, de partilha e de compaixão, sentimos bem perto a presença de Deus pela fé de nossa gente. Estão dizendo que “Como nunca na história da humanidade, fomos tão iguais, tão humanos e tão fraternos” (Apolonio Carvalho Nascimento). Não importa entender como nossos olhos estão sendo abertos, mais importa que estejamos atentos percebendo tudo isso.
“Envias o teu Espírito, eles são criados, e assim renovas a face da terra.”
Salmo 104.30