Por Alan Caldas – Editor
Sua história impressiona. A FADI foi criada em 1983. Dois anos depois, a convite do prefeito Romeo Wolf a Líxia assume a gerência da primeira creche de Dois Irmãos, a Bem-me-quer. E assume com gana de fazer bem feito.
Anda o tempo. E a educação infantil se sofistica. Vem a Constituição Federal de 1988 e a Educação faz um “up”, porque a Carta Magna do Brasil reserva dinheiro para a Educação.
A partir daí o que eram creches transformam-se em Educação Infantil. Os donos de indústrias em Dois Irmãos se mobilizam. Lembro do amigo Vicente Bender nisso. E graças aos industriais e prefeitos, surge a respeitadíssima Fundação Assistencial para atender filhos de trabalhadores de indústrias.
A FADI se expande. Alcança Morro Reuter e Santa Maria do Herval. E sempre com a Líxia à frente. Se aprimora. Se destaca. Começa a receber prêmios regionais, estaduais e nacional por trabalhos prestados à educação infantil. Prestados a pais e mães, entenda-se bem.
Cuidado, zelo e investimento culminam num crescimento assombroso em importância, sempre tendo à frente a Líxia Stoffel. Cercada por um eficiente e combativo grupo de colaboradores administrativos e educacionais, assistida sempre de perto pelos donos de indústrias da nossa cidade (que são pessoas de saber e agir superior, como se sabe), a Líxia transforma Dois Irmãos em um dos municípios brasileiros com melhor destaque no quesito respeito às crianças.
Roda o tempo. Chegamos a julho de 2017. A FADI tinha 32 anos. Era o farol sinalizando o caminho para municípios que queriam prestar serviço de qualidade aos seus pequenos habitantes.
Há sempre uma nostalgia rondando o tempo, não é? Há início. E fim. E foi assim que, após 32 anos à frente da mais importante instituição de educação infantil da Grande Porto Alegre, no dia 21 de julho de 2017 a nossa Líxia Stoffel deixa o cargo de superintendente da Fundação Assistencial de Dois Irmãos.
Parecia brincadeira. Ninguém conseguia ver a FADI sem a Líxia. Mas a mulher que com mão de ferro buscou sempre o melhor e o mais sofisticado para os filhos dos trabalhadores das indústrias, encerrava ali a sua trajetória. Não esqueço a data. Sexta-feira, 21 de julho de 2017.
Uma semana antes tive a honra de estar com ela, com o amigo e empresário Ricardo Wirth e com o Airton Kaiser (o Presidente da época). Naquele dia e hora, sem barulho, sem briga, bem de boa foi que se anunciou a saída da Líxia. A foto que aparece nesta coluna, registra aquele encontro. E eu fiquei pasmo.
Na saída, perguntei o que ela iria fazer da vida. Afinal, durante 32 anos, desde o dia em que a fotografei assumindo a Bem-me-quer, em 1985, sempre que via a Líxia ela estava na corrida, sempre sem tempo, e sempre, sempre, sempre tentando melhorar a FADI.
Perguntei. Mas ela não soube responder. Talvez uma viagem? Talvez um descanso? Talvez a família? Talvez isso. Talvez aquilo. Não sabia.
A vida é um grito no escuro. E é incerta. Mas uma coisa era certa: faria falta, a Líxia, muita, muita falta.
Fiquei nostálgico por uns dias. Todos ficamos. Havia um certo mal-estar na cultura.
Na saída, Líxia deixava a FADI com um Centro Administrativo, 12 unidades de educação infantil e 1.250 crianças. Um exemplar atendimento pedagógico, nutricional, psicológico e social, com aulas de música, ballet, educação física, informática, robótica, dança aérea, dança criativa, culinária e futebol. Tudo monitorado para o lúdico e pedagógico. Sou testemunha. Meus dois filhos tiveram o privilégio de estudar na FADI e guardam lindas lembranças.
Sigo admirando e apoiando a FADI, agora nas mãos da querida amiga Cássia, filha do amigo Delano e da dona Henriete. A FADI é nossa. Mas tenho grande saudade de tudo que vi ocorrer na FADI graças a amiga Líxia.
(Na foto: Airton, Líxia, Ricardo e Alan)