Por Alan Caldas (Reggia Calabria - Italia)
Saímos de Agropolis em direção a Sicília, que é uma ilha.
Percorrendo 362 quilômetros pela estrada SS18, que é litorânea, se anda 80% do trajeto vendo cidades com praias e enseadas incríveis nesse mar de cor azul intenso deles.
Por esse caminho, se desce a “bota”, que é como a Itália se parece no mapa.
Deixa-se a região chamada Campânia, cuja capital é Nápoles, e entra na Calábria, para ir até o final, quando ficaremos “no bico” da bota. Olhe o mapa.
A estrada tem magníficas paisagens. Mas os motoristas ... uáááau ... são agitadíssimos.
A velocidade pelos 362 quilômetros é 50 por hora, normalmente. Um trecho que outro a 70. A maioria a 30 mesmo ou até 10 km por hora.
É trajeto lindo. Corta a lateral das montanhas e se vê o mar lá embaixo quase o tempo todo.
É cheio de curvas-cotovelo, e em algumas quase se vê a placa detrás do próprio carro.
A estrada é estreita e muitas vezes quase não cabem dois carros. Outras vezes tem semáforo, porque de tão estreita só passa 1 carro por vez.
Fora isso, têm muitos controladores eletrônicos de velocidade e os carabiniere, de cara não muito amistosa.
Sendo motorista estrangeiro e desconhecendo leis e costumes locais, não quero encrenca, certo?
Então, sigo estritamente placas e normas. Nessas condições, dirigir é exercício de amplo controle emocional. As placas de velocidade mudam o tempo todo. E também o tempo todo os “da terra” te buzinam incessantemente para “ir mais rápido”, mesmo contra as placas, e te fazem ultrapassagens de te gelar o sangue.
Mas . . . paciência é uma benção!
No final e descendo uma serra imensa, entramos na área rural da Calábria. Vê-se ali grandes plantações de oliveiras, milho e muitos cítricos, especialmente laranja e limão.
A seguir chegamos ao litoral. E oito horas depois, eis-nos aqui em Reggio Calabria, cidade de 182 mil habitantes com uma parte linda e outra suja, e a partir da qual vamos pegar a balsa e, pagando 36 euros, atravessar o carro daqui até a ilha para finalmente entrar na Sicília.
O que será que tem lá de tão interessante? Já vamos ver!