Por Alan Caldas – Editor
O bom de morar por longo tempo em um mesmo lugar é conhecer a história de cada local pelo qual se passa. Quando cheguei em Dois Irmãos, 1983, o prefeito Romeo Benício Wolf estava criando a hoje Praça do Imigrante. O local tinha sido elaborado para ser o centro da cidade, e Romeo queria ali um laguinho e peixes e uma pontezinha romântica, me disse ele.
Não havia árvores, é claro, e aos que queriam árvores rapidamente o prefeito brincava, dizendo, “tem de esperar crescer”. Cresceram. Mas, se ainda não havia árvores, existiam na praça muitas flores. Não lembro o nome dela, e peço perdão por isso, mas recordo que era a esposa do seu Edmundo Lorenz, o homem da Toyotinha, famoso secretário de Obras do Romeo, que colocava as flores lá. Espero que alguém ligue, dando o nome daquela incrível senhora, a responsável por termos naquela época uma típica Cidade de Primavera o ano todo.
Antes de sair da prefeitura, o prefeito Romeo ainda conseguiu colocar ali o Monumento ao Imigrante. Uma linda obra de metal, criada pelo artista plástico chapecoense Paulo Siqueira, e que não era (na intenção do artista) para ser pintada e, sim, ir envelhecendo com o tempo, segundo ele mesmo disse a mim (que lhe perguntei isso) e ao prefeito Romeo, no dia em que se inaugurou o monumento.
As árvores cresceram. A praça ganhou corpo. Vieram brinquedos e muitos namorados. Romeo nos deixou para sempre, que Deus o tenha, e o tempo andou.
No andar do tempo, veio o prefeito Renato Dexheimer, que comprou os terrenos do Rogério Hoffmeister, ao lado, e ergueu na praça a nossa Rua Coberta, local que hoje permite se aproveitar a Praça do Imigrante tanto em dia de sol quanto de chuva.
Roda o tempo e vem o prefeito Miguel Schwengber e seu vice Mauro Rosso, que erguem ali a Casa do Agricultor Familiar. Um prestígio ao nosso passado.
Outra rodada do tempo e vieram a prefeita Tania e nosso atual prefeito Jerri, então seu vice, e duas grandes obras foram feitas ali. Uma é a casa do Papai Noel. Bem bonita. E outra, a meu ver importantíssima, que é o sensacional banheiro público, obra que na época sofreu forte oposição mas que, se vê hoje, deu a Dois Irmãos a característica de cidade civilizada, porque praça sem banheiro bom nunca será uma boa praça.
E eu, que moro ao lado da Praça do Imigrante, às vezes fico olhando cada metro quadrado dela e nostalgicamente me dou conta de que tudo vai entrando para a história, e eu, eu sigo aqui, só observando, só observando...
(Foto: Octacílio Freitas Dias)