Por Alan Caldas (Editor)
Pedro Joãozinho Becker nasceu em Dois Irmãos, no dia 25 de fevereiro de 1958. Ele é filho dos agricultores Vicente Becker e Maria Tereza Schneider Becker, e teve como irmãos Geraldo, José Luiz e Marlene.
Seu nome é Pedro Joãozinho, mas na infância o chamavam de Pitchi, que é o diminutivo de Pedro, em alemão, e quando cresceu se tornou Pedrinho.
Cursou o Primário no Grupo Escolar. O Ginásio no Imaculada Conceição. O 2º Grau na Escola Estadual. Seu sonho era ser agrônomo, mas para isso ele deveria morar em Santa Cruz do Sul e, como era muito tímido, ficou com medo de se perder por lá e acabou não indo. Então parou de estudar.
Das diversões na escola ele lembra do jogo de “cabeçada”, feito com a cabeça e uma bolinha de tênis, que jogava com os colegas Astor Ranft, Carlos Nienow, Gilberto Görgen e Pedro Felipe Schneider. E se a bolinha caía na Secretaria alguém deveria ir lá buscar e enfrentar o diretor Arno Nienow, “que era muito, muito brabo”, diz o Pedrinho, sorrindo sem parar ao lembrar da cena.
Na adolescência jogava futebol 7 no potreiro das terras do pai e o time se chamava Palmeiras, porque haviam palmeiras no meio do campo. Eram bons de bola e ali enfrentavam o 7 de Setembro e o Vila Rosa, e dos atletas da época recorda Gilmar Weber, Celso Birk, Luizinho Collet, Luiz Birk e Otávio Dexheimer.
Sua família era católica e foi graças a uma Novena em sua casa que Pedrinho encontrou a Ieda Maria Kasper Becker. Ela estava num grupo de Novena que foi à casa do Pedrinho e ele se encantou com ela. Mas era tímido e mal a olhava. Já estava com 22 anos e a Ieda, sabendo da timidez, tomou a frente e sorrindo o convidou a ir até Farroupilha, com amigos católicos. Foram, e o namoro começou sob bênçãos de Nossa Senhora do Caravaggio.
Ficaram noivos em 1982. Casaram em 1984, e foram morar na casa que já haviam construído no Bairro Becker. Tiveram duas filhas: a Rosângela, de 37 anos, que é arquiteta e lhes deu a neta Rafaela, de 3 anos, e a Rosana, de 33 anos, que trabalha no Sicredi e lhes deu o neto Bernardo, de 9 meses.
Pedrinho nasceu na agricultura e o destino o levou ao associativismo em 1983, quando José Arlindo Blume o convidou para entrar na Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Em 1994, o presidente foi Nilson Olbermann e Pedrinho o acompanhou como Secretário, ainda se dividindo entre a vida sindical e a agricultura. Mas, em 1997, Nilson saiu para assumir a gerência da cooperativa Sicredi, em Morro Reuter, e como o Sindicato não tinha um vice-presidente o Nilson o avisou:
– Pedrinho, agora tu vais assumir a presidência.
Ele largou a vida de agricultor e assumiu como presidente para terminar o mandato de Nilson Olbermann. Em seu lugar como Secretário entrou a colega Leony Boll e o gerente de compras passou a ser Silvério Braum. E a partir dali o destino dele estava traçado. Na eleição seguinte, o Pedrinho resolveu organizar uma Chapa e no ano 2000 se elegeu Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Dois Irmãos.
Eleito presidente ele tratou de se aperfeiçoar. Fez curso na Federação dos Trabalhadores da Agricultura e estudou desde história sindical até gestão de propriedades. A seguir fez curso de primeiros socorros em animais, pelo Sistema Nacional de Aprendizagem Rural, para poder orientar associados com problemas nas criações. Mais tarde fez curso de Comunicação, pelo Sicredi, para superar a timidez. E foi se envolvendo mais e mais em assuntos que dissessem respeito aos interesses dos associados.
Quando ele entrou como presidente o sindicato já tinha fontes de renda. Mas Pedrinho percebeu que para sobreviver o sindicato deveria proporcionar atrativos aos associados. E, assim, em 2005 começaram a criar Programas Sociais no Sindicato. O 1º foi o auxílio laboratório. O 2º foi o programa de devolução de consultas e exames. O 3º foi o auxílio funeral. Esses programas geravam custos, e o sindicato foi encontrando formas de ampliar sua fonte de renda e hoje tem, por exemplo, uma das mais respeitadas agropecuárias da região.
Pedrinho e sua equipe sabiam que o sindicato precisava estar ligado aos interesses dos associados. E, junto com a Emater, criaram diversos programas municipais que dissessem respeito aos agricultores. Entre eles estão o auxílio lavração, o auxílio transporte de insumos, o auxilio serviço de retroescavadeira, a isenção do IPTU para propriedades acima de 3 mil m² e a merenda escolar com carne bovina de propriedades locais.
Nessa caminhada Pedrinho se apaixonou pela participação em Conselhos, que segundo ele é a forma mais democrática de fazer política sem entrar em Partidos. Por isso ele participa dos Conselhos Municipais de Agricultura, Meio Ambiente, Habitação, Saneamento Básico e Alimentação. Também integra, em Morro Reuter, o Conselho do Plano Diretor. Além disso e pela Fetag, Pedrinho se reúne com a regional Vale do Caí para debater e encaminhar assuntos da agricultura relativos a leite, citricultura, avicultura e Ceasa. E é também Coordenador de Núcleo na Cooperativa Sicredi, representando um grupo de associados da área rural.
Está com 65 anos de idade. Tem 1,83m de altura, pesa 94 quilos, calça 43 e seu sangue é A+. Viajou 7 vezes para Brasília em função do sindicato. Com a esposa, viajou para praias aqui e em Santa Catarina. Não joga carta. E bola, o joelho não lhe permite mais jogar.
Segue sendo caseiro. Nunca soube o que é um barzinho nem toma bebida alcoólica. Não sabe cozinhar, porém cuida da limpeza, das plantas e das orquídeas.
Não tem doença alguma. É organizado. Dorme 8 horas por dia, normalmente. Porém, se o sindicato tem alguma obra ele dorme pouquíssimo, pois a ansiedade o mantém acordado. Diariamente levanta às 5h15 e entra no sindicato às 6h35, tirando uma soneca de 10 minutos após o almoço, todos os dias.
Dirige desde os 18 anos. Aprendeu numa Brasília que o pai comprou do ex-prefeito Justino Antônio Vier. Lê bastante, mas só pelo celular, onde acessa as notícias do Jornal Dois Irmãos e demais veículos do país. Mas não lê livros.
Come tudo que não seja feijão, aipim e carne selvagem. E não assa churrasco, tarefa que delega aos genros. E também não pesca, porque na infância ia com o pai e irmãos e eles pegavam peixe e ele não.
Pedrinho é respeitado como sindicalista em toda a região. E diz que a sindicalização dos trabalhadores é muito importante, porque é difícil se ter vitória em alguma coisa atuando individualmente. “O sindicato é um bom lugar para defender suas ideias e ideologia, e é sempre bem mais fácil você lutar em grupo pelo que precisa conquistar para ter uma vida melhor do que lutar sozinho”.
Tendo vivido da terra por tantos anos e, agora, por décadas atuando no sindicato, Pedrinho acredita na agricultura familiar. Mas ele diz que ela só terá futuro se os pais que hoje são agricultores pensarem na terra como produção e não como forma de lucro imobiliário. “Se fizerem isso, incentivando os filhos e mantendo eles na terra, a agricultura familiar terá futuro. Mas de outra forma, infelizmente eu penso que não”.