Por Alan Caldas – Editor (De Aveiro – Portugal)
Veneza é na Itália. Mas Portugal também tem a dele, e se chama Aveiro.
Está a 200 quilômetros de Lisboa e 75 do Porto. E se tornou uma Veneza porque em sua lagoa formam-se canais por onde navegam barcos coloridos e que são como as gôndolas da Veneza italiana.
Esses barcos eram utilizados apenas para a colheita de algas, que abundam nos arredores da cidade. Mas depois que a Internet (e este celular onde escrevo) “globalizaram” o mundo, depois que as “redes” transformaram o planeta nesta pequena aldeia e encurtaram a quase zero as distâncias e todos sabem de tudo, os aveirenses perceberam que daria para imitar Veneza e ganhar dinheiro com aqueles barcos de colher algas.
Trataram de pintar os barcos, deixando eles lindamente coloridos.
A seguir, “fardaram” e “treinaram bem” os barqueiros, para dar aos barcos e seus condutores o mesmo “ar romântico” que se respira em Veneza, porém aqui com a típica e bem falante alegria lusitana.
Então se divulgaram. Se propagandearam. E se autointitularam de “Veneza Portuguesa”. E o jogo mudou.
Logo começaram a receber turistas e a “passear” esses turistas pelos imensos canais da lagoa.
Com turistas, surgiram centenas de restaurantes, cafeterias, pousadas, hotéis e bares e serviços variados.
Para melhorar o visual, a prefeitura (que aqui, sendo parlamentarismo, é a Câmara de Vereadores) criou pequenas e românticas pontes cruzando os canais. Arrumou estradas. Melhorou a iluminação.
Pegaram a ideia dos “cadeados” das pontes de Paris e melhoraram. Ao invés de cadeado, vendem fitas coloridas, que os turistas “amarram” no guarda-corpo das pontes, dando-lhe leveza e grande colorido, mas sem o risco do peso de milhares de cadeados.
Os turistas vêm em borbotões para Aveiro. Chegam em ondas, trazendo dinheiro e alegria à cidade. Turistas lotam hotéis, restaurantes, bares, “docerias”, locam bicicletas (a cidade é plana), compram tours guiado para conhecer a história local. É uma festa!
Antes privilégio de poucos muito ricos (que é quando o capitalismo é atrasado e excludente), agora Aveiro viu surgir centenas de pequenos empreendimentos comerciais e de serviços que dão emprego, renda e felicidade a muitos.
Tudo isso esparrama sobre esta cidade uma feliz energia jovial. Torna ela agitada como uma criança em crescimento.
Aveiro agora é um centro de atenção aos que, cansados de viver “paradão”, buscam lugares agradáveis e não tão caros para fazer a vida que é curta pelo menos ser feliz.
Sobre ela, o grande escritor português José Saramago escreveu:
– Aveiro é um corpo vivo que liga a terra ao mar como um enorme coração.
Saramago já morreu e não viu isso. Mas certamente adoraria ver que, agora, graças ao turismo e a união do Poder Público com a comunidade empreendedora, esse coração bate e bate e bate cada vez mais alegre, feliz e próspero para todos nesta adorável cidade de Aveiros.