Por Alan Caldas (Editor)
Vanderlei Schmitz é natural de Alecrim, mas nasceu em Santo Cristo, no dia 26 de agosto de 1968. Filho do pedreiro Plimundo Schmitz e da dona de casa Normélia Weiss Schmitz, ambos já falecidos, Vanderlei teve apenas dois irmãos, Alderi e Teiclemir.
A família veio para Dois Irmãos em busca de oportunidades. Ele tinha 12 anos e aqui concluiu a 4ª série na escola 10 de Setembro e então abandonou o estudo para ir trabalhar. Iniciou no Calçados Undi, mas a empresa fechou e ele foi para o Calçados Maide. Inteligente e trabalhador, logo se destacou. Aos 15 anos já era contramestre e chefiava 65 pessoas na montagem e acabamento. Três anos depois ele recebeu uma proposta e foi ser contramestre nos Calçados Henrich, onde ficou dos 18 aos 20 anos de idade.
Aos 20 anos e já casado, Vanderlei saiu dos Calçados Henrich para ter seu próprio negócio. E achou que era no sapato que a história dele se daria. Então abriu um atelier. Porém um cliente lhe deu um golpe, pegando o material e sumindo sem pagar a conta. Vanderlei se assustou, pois aquilo parecia ser uma completa desgraça. Porém algumas vezes o Mal acaba gerando o Bem. E por incrível que pareça, foi ali que o verdadeiro destino do Vanderlei o encontrou.
Naquela época havia um bar e lancheria para venda e ele decidiu comprar. Depois do golpe ele estava sem dinheiro. Mas o bar e lancheria não lhe saia da cabeça. Então o Vanderlei se encheu de humildade e foi até Gerson Mallmann, seu antigo empregador na Maide, e explicou a dramática situação em que estava. O Gerson o levou até o Unibanco e falou para o gerente:
– Esse rapaz é gente boa. Empreste o dinheiro para ele e se ele não conseguir pagar eu pago.
Vanderlei jamais esqueceu isso. “Era uma pessoa de muito bom coração”, lembra ele, se emocionando quase às lágrimas ao recordar do amigo Gerson, que tempos atrás partiu abruptamente.
Com o dinheiro em mãos, Vanderlei, a esposa Anelise e o irmão Alderi assumiram o bar e lancheria na avenida 25 de Julho. Esse bar tinha longa história. Havia sido da senhora Brunilda Scholl, depois do Roque Feiten, a seguir do Celso Birck e por fim do Egídio Steffen. Vanderlei, Anelise e Alderi compraram e rebatizaram. Chamaram de Bar e Lancheria Irmãos Schmitz. Trabalhavam 7 dias por semana, das 7 às 20h30, sem descanso, mas foi uma época boa, lembra Vanderlei, porque faziam muitos lanches para as fábricas de calçados.
O bar foi progredindo e se transformou em minimercado. A seguir o mini virou um mercado. E, por fim, em 2012, quando inclusive eles já tinham em 2006 aberto uma filial na avenida João Klauck, o mercado se transformou no Supermercado Irmãos Schmitz. Em 2016 Vanderlei assumiu o antigo supermercado Weiler, passando, então, a ter filial no bairro Vale Verde. E, em 2017 e para atender a demanda que tinham nos 3 supermercados, abriram uma padaria no prédio onde antigamente nosso saudoso amigo Sérgio Johann tinha o Mercado Floresta.
Hoje a empresa tem 75 colaboradores e o trabalho é intenso. Desde o primeiro empreendimento o horário passou a ser das 7 até as 21 horas, 7 dias por semana. E só agora em 2023 é que Vanderlei passou a ter um relativo descanso em finais de semana. Consegue isso, diz ele, porque vem aprendendo a delegar responsabilidades. E para exemplificar isso ele destaca entre os colegas o Jonatas Braum, que iniciou na empresa ainda garoto, com 15 anos, e que após gerenciar os diversos departamentos tornou-se gestor de planejamento e braço direito na administração do Irmãos Schmitz.
Além dos supermercados, Vanderlei tem junto com o irmão Alderi outra empresa de representação de produtos coloniais. E, em 2016, numa parceria com um amigo engenheiro, abriram uma empresa de energia ecológica que hoje tem 3 usinas, uma em Picada Verão, outra em Canela e uma outra em Caxias do Sul. Quando iniciou esse projeto Vanderlei fez uma promessa social de ajudar alguma entidade caso o empreendimento tivesse sucesso, e em vista disso hoje ele dá uma parcela do rendimento para a APAE de Dois Irmãos.
A vida é feita de boas parcerias. E Vanderlei conquistou uma delas ao casar-se com Anelise Kasper Schmitz, que ele caracteriza como uma mulher “simplesmente maravilhosa”. A história deles começou em um domingo, antes da missa. Ele tinha uns colegas de fábrica com os quais nos domingos à tarde ia na missa. Num desses eles estavam em frente à Santa Cecília e, no outro lado da rua, o Vanderlei viu passar uma moça que estava indo para a igreja. Ele chamou os amigos e mostrou ela, dizendo discretamente: “olha só que morena linda”. Os amigos riram e ele não sabia, mas era a irmã deles.
Passaram alguns meses até que em um baile na Sociedade Atiradores o Vanderlei a tirou para dançar. Mas eram tão tímidos que mal e mal se falaram. No fim do baile ele a levou em casa e marcaram novo encontro. Ela tinha 17 anos. Ele tinha 19. Apaixonado, ele imediatamente a pediu em casamento. Casaram nem um ano depois, quando ele tinha 20, no dia 31 de dezembro de 1988, o mesmo ano em que, juntos, começaram a empresa.
Têm duas filhas: a Greice, que é nutricionista e hoje tem 34 anos e mora em Florianópolis, e a Eduarda, de 18 anos, que atua no mercado da família meio turno por dia.
O casal fez várias viagens, a mais longa delas a Cancun, no México, mas já estiveram em diversos estados do Brasil e Uruguai. Atualmente, o passatempo dos dois é passear pela região, tomando chimarrão, fazendo planos, ou jogar canastra com casais amigos. Anelise, diz Vanderlei, “é a imagem social e comunitária da nossa empresa, é uma trabalhadora incansável e é parte fundamental na existência e sucesso que temos”.
Vanderlei tem 1,82 de altura, pesa 98 quilos, calça 42 e seu grupo sanguíneo é O+. Queria ser calçadista e militar, mas o destino disse “não” e ele entrou para a área de alimentos. Parou de estudar no 4º ano primário, mas fez diversos cursos de gestão, ligados a AGAS e Fecomércio. Integra a Rede Agasuper, da qual é vice-presidente. É hiperativo e resume sua vida a “trabalho com alegria”. Diz que a felicidade dele está em poder trabalhar. Fala alemão. Gosta de música sertaneja. É romântico, gosta de andar de mão pegada com a esposa. Lê livros relacionados ao trabalho e comunicação. Quatro anos atrás parou de jogar futebol porque fez cirurgia no joelho. Também fez cirurgia no pulso, devido a uma queda de bicicleta.
Não bebe, mas se bebe é cerveja. Dorme entre meia-noite e 5h30. É detalhista: cada objeto tem seu devido lugar, diz ele, e acredita que esse costume se deve à rígida educação que recebeu da mãe, que não gostava de bagunça e os fazia arrumar a cama e manter sempre tudo em ordem na casa. Reconhece a importância da tecnologia, mas admite ter uma certa dificuldade com os avanços diários dela. Apoia diversas entidades na cidade. É católico praticante.
Aos que pretendem seguir seu caminho empresarial, ele incentiva, mas alerta: “é uma área de muitas dificuldades, então pense bem e planeje muito antes de enfrentar esse desafio”. E, por fim, Vanderlei diz que se sente dois-irmonense. Afirma que é uma cidade diferenciada, pois dá oportunidades a todos, e diz que se tivesse de apostar em um município certamente apostaria em Dois Irmãos.