Jacson e Octacílio (Por Alan Caldas – Editor)

Em 1952, o senhor Inácio Lehnen, que havia nascido no Bohnenthall, a localidade de Picada Feijão, chegou em Dois Irmãos. Aqui ele abriu sua barbearia e o serviço de barba e cabelo logo fez grande sucesso entre os moradores.

Seu Inácio trabalhou na barbearia até 2014, quando, infelizmente, sofreu um acidente vascular cerebral. Em decorrência desse AVC, ele precisou parar de trabalhar, pois já não conseguia nem mesmo aparar a própria barba. Na época, os filhos André e Jacson, que haviam aprendido o ofício com ele, se tornaram barbeiros do próprio e querido pai.

Um ano depois, em 2015, seu Inácio partiu, mas deixou um grande legado e história que seguiu sendo perpetuada pelos dois filhos que haviam abraçado a carreira do pai.

Hoje, André Lehnen já está por 47 anos como barbeiro e cabeleireiro e Jacson já soma 37 anos de experiência nesse mesmo ofício.

No salão André e Jacson, ali na Galeria São Miguel, existe uma foto, um traço, na verdade, junto a placa do estabelecimento.

Esse traço foi criado pelo nosso talentoso amigo dois-irmonense César Adolfo Müller, que a partir de uma foto do seu Inácio criou o logotipo que dá identidade visual à barbearia.

Nesta manhã, em visita ao nosso amigo e colega Octacílio Freitas Dias, que aos 87 anos começa a apresentar problemas de locomoção, encontrei o Jacson.

Como o Octacílio não tem conseguido ir até a barbearia, o Jacson uma vez por semana vai lá na casa dele fazer a domicílio a barba e cabelo do Octacílio.

O Jacson me falou que não é o único cliente, pois ele atende, também, nesse mesmo formato, o Herr Edgar Mügge, 92 anos, pai do querido amigo e professor Ernani Mügge. Me disse, ainda, que o André, seu irmão e sócio, igualmente tem cliente a domicílio.

De toda nossa conversa de amigos que se conhecem por décadas, o que mais me deixou feliz foi que o Jacson me contou uma ideia que ele e o André estão amadurecendo. Eles estão pensando em trocar o nome da barbearia de André e Jacson para Barbearia Dom Inácio. Uma homenagem ao pai, mas, penso eu, uma homenagem aos que fazem e fizeram história em Dois Irmãos.

Achei a ideia genial. E até consigo ver o seu Inácio, lá no céu, me sorrindo como sempre me sorria e dizendo com aquele permanente bom humor dele:

– Que tal seu Alan? Dom Inácio!

Muito bom. Muito bom mesmo ver filhos prestigiando a memória do pai que tanto lhes ensinou. É esse respeito aos antepassados e esse amor aos que vieram antes de nós que construiu e segue construindo essa nossa cidade maravilhosa e doce que é Dois Irmãos.

Parabéns, André.

Parabéns, Jacson.

A história agradece!