Por Alan Caldas – Editor
Luiz Ricardo Scholl nasceu no dia 2 de junho de 1953, em Santa Maria do Herval. Seu pai, Urbano Scholl, era ecônomo da Sociedade Herval, que era também um hotel com 14 quartos e grande movimentação. Ele administrava o hotel junto com a esposa, dona Brunilda Vier Scholl. E também era fotógrafo e maestro musical.
Ao lembrar do pai, Ricardo recorda do tio, o padre José Scholl, um escritor, desenhista e músico que compôs o Hino de Gramado e foi responsável pelo primeiro Plano Diretor de Gramado. O padre José Scholl é o maior compositor de música sacra no Brasil. E foi nesse ambiente cultural que Ricardo cresceu com seus 3 irmãos, Luciano, Bernadete e Lígia.
Na época escolar, o matricularam na Escola Cônego Afonso Scherer, onde ficou apenas dois anos porque a família se mudou para Dois Irmãos. Aqui o matricularam no Imaculada Conceição por um ano e depois no Grupo Escolar. Ricardo concluiu o Primário e o Ginásio nessa escola e dali foi para Sapiranga, cursar o Técnico em Contabilidade. Formou-se em 1972.
Ricardo era “um guri” quando o professor Arno Nienow o nomeou para escrever as Atas da Sociedade Atiradores. E lembra, sorrindo, que o ecônomo dizia, solenemente: “o seu Ricardo já chegou. Podemos começar”. Mais tarde foi presidente da sociedade.
Na Atiradores foi ele quem criou a famosa Boate Express. Criou com a participação da sua então namorada, Ieda, e do amigo Mauro Saueressig. E para fazer “o som”, Ricardo convidou Frederico Pletsch e seu irmão, o Bolacha, da Facsom, que eram os mais destacados DJs da época. Foi assim, também, cheio de criatividade, que Ricardo fundou em 1970 o primeiro time de futebol de salão de Dois Irmãos. O Atlético. Os jogos eram na quadra descoberta da Santa Cecília, no chão de cimento queimado.
O título de Técnico Contábil ele só receberia em 1972. Mas em 1970 abriu um Escritório Despachante. Como não tinha muito movimento, ele trabalhava como desenhista de plantas para o engenheiro prático da cidade, o senhor Affonso Wolf, que hoje é nome da maior escola do município. E recorda que foi nesse ano, 1970, aos 17 de idade, que começou a dirigir carro.
Certo dia o senhor João Dario Wendling o convidou para trabalhar nos Calçados Maide. Ele foi. E permaneceu por quase 3 anos trabalhando no escritório. Se aperfeiçoou na prática de serviços contábeis e financeiros. Saiu em 1973, quando abriu seu próprio Escritório de Contabilidade.
Nesse ano, 1973, ele foi estudar Contabilidade na Feevale, e lá um professor que era alguém muito importante na Corsan o convidou para assumir a gerência regional. Era um cargo importante e bem remunerado. Atendia dezenas de municípios, indo, inclusive, até quase Bento Gonçalves. A sede era em São Sebastião do Caí. Ricardo chegou a analisar a proposta. Mas não aceitou. Seu destino era outro.
Cheio de energia e vontade de crescer, o jovem Ricardo não parava. Ele já atuava como desenhista de plantas e conhecia o mercado de construções. Logo percebeu que havia um nicho de mercado interessante. E em 1976 abriu a empresa Premolage Ltda., uma fábrica de artefatos de cimento. E seguindo nessa área, Ricardo abriria em 1979 a Construtora Vale Serra, empresa responsável por mais de 20 prédios altos em nossa Dois Irmãos e que mudou e modernizou o layout construtivo do município.
Ricardo sempre esteve envolvido na área de construção e seu sonho era formar-se em engenharia civil. Até se matriculou na Unisinos e fez mais da metade do curso. Mas as aulas da engenharia eram todas durante o dia, e ele sempre cheio de atividades acabou não se formando.
A vida social lhe absorvia. Foi ele, por exemplo, quem abriu o CDL e o SPC em Dois Irmãos. Fez isso a pedido de três pessoas importantes da cidade: Justino Vier, Auri Fink e Felippe Seger.
O município estava crescendo e o comércio precisava se proteger. Ricardo ficou 10 dias indo para São Leopoldo fazer curso na CDL de lá e então abriu a CDL e SPC aqui. Auri Fink foi o primeiro presidente. Justino Vier foi o vice. E por quase 15 anos a sede foi no escritório do Ricardo, para onde eram feitas por telefone as consultas de liberação de crédito.
Na vida nem tudo é trabalho. Em 1973 ocorreu um Re-Kerb em Dois Irmãos. Era um sábado, ele lembra. A Sociedade Atiradores e a Santa Cecília tinham bailes. Na Atiradores eram mais casais. Na Santa Cecília era o fervo, como se dizia na época.
Ricardo era sócio das duas e diretor na Atiradores. Ele estava na Atiradores vendo o Renato e o Mic Dexheimer venderem mesas, quando de longe viu três moças entrando. Uma delas quase parou o coração do Ricardo. Uma mulher linda, lembra ele. Cheia de charme e elegância. A imagem dela capturou os olhos e o pensamento dele. E sem nem pensar no que fazia ele começou a olhar e a tentar flertar com ela. Mas ela, distinta e fina, foi fazendo de conta que não via o jovem mancebo ali na sua frente.
Ricardo conhecia uma das três moças e se aproximou dessa e ela lhe apresentou a outra. E a outra se chamava Ieda Regina Henrich.
Que nome lindo, pensou Ricardo enquanto estendia a mão para cumprimentar ela. E que olhos. E que voz. E quanta elegância. E assim o jovem Ricardo exatamente ali foi caindo de amores por ela.
Ieda, porém, tinha outros planos. Ela fazia faculdade na Unisinos. Era delicada, mas inteligente. E gentilmente ia se desvencilhando do assédio do Ricardo, que só tinha olhos para ela. Eles então foram para a Santa Cecília. Dançaram. Conversaram. Ricardo insinuou namoro. Ela disse que queria cuidar dos estudos.
Ao final da noite, tonto de emoção e alegria, o Ricardo acompanhou a Ieda e suas amigas até o carro dela. E a Ieda, dirigindo seu próprio veículo, partiu para Sapiranga.
Ricardo quase nem dormiu naquela noite. E passou a semana enredado nas recordações. E com que surpresa foi que ele, no sábado seguinte, viu a Ieda chegando de carro e toda cheia de personalidade vir convidá-lo para ir ao cinema com ela, em Novo Hamburgo. O coração dele quase saltou pelos olhos.
Foram ao cinema. E após no restaurante Tulipa, ele não esquece. Começava ali, firme e forte, um lindo romance que se transformaria num abençoado casamento que completou 50 anos no último dia 6 de outubro deste 2023.
O casal teve duas filhas. A Marguit, que é médica e lhes deu a neta Giovana, de 7 anos. E a Ingrid, que é nutricionista e dois meses atrás lhes deu o neto Rodrigo.
Ricardo é o típico homem bom e comunitário. Em 1978 presidiu o Clube 7 de Setembro. Em 1994 foi novamente presidente. É apoiador do grupo de Voluntárias do Hospital. Fundou o Clube de Tênis, no 7 de Setembro. Já teve uma banda, “The Betters”, que treinava com músicos norte-americanos que moraram em Dois Irmãos. É fundador do grupo de bolão Os Corujas. Reformou imóveis importantíssimos na cidade, como o antigo Salão Nienow. E deu ao município nosso primeiro Shopping, o São Miguel Center. Foi da Comissão de Construção da APAE.
É um cidadão exemplar, no qual todos confiam. Está sempre disposto a estender a mão a quem precisa. E ainda agora, aos 70 anos, com seu 1,64m, calçando 40 e pesando 64 kg, ele trabalha diuturnamente. Sempre tem um novo projeto. É feliz em casa. É feliz na comunidade. E acredita que graças a solidez das indústrias que temos, Dois Irmãos seguramente terá um futuro promissor e feliz.