Centro de Estudos Espíritas de Dois Irmãos
Cada vez mais, no agonizar do mundo caracterizado pela busca dos gozos terrenos e da máxima valorização dos bens perecíveis, dilata-se o número dos miseráveis da alma que se debatem inquietos sob o domínio implacável da dor, nas estâncias sombrias das regiões infelizes do Invisível, com seus gritos alucinados e desvairados. Seus pensamentos e emoções desgovernados ecoam significativamente nas cidades dos homens, a que transportam, em busca frenética e indevida de apaziguamento para a aflição a que se arremeteram pelo equívoco em seus valores fictícios perdidos com o abandono do corpo providenciado pela morte.
Esse estado de alucinação recíproca conduz a um círculo vicioso, que se mantém infrene ante as perspectivas acanhadas e os objetivos imediatistas do Espírito atormentado e deslumbrado pelo saber e o ter científico e tecnológico, ensandecido em seus anseios de poder material e sensações desmedidas.
Confrange-nos invariavelmente o coração essa situação de penúria e de desprezo pelas balsas salvadoras do Evangelho relançadas com segurança e presteza inigualáveis pela Doutrina que abraçamos com efusivo ardor.
Ainda é motivo de grande pesar a constatação dos descaminhos tomados por inúmeros dos companheiros agraciados com o farol dos ensinos espíritas a lhes determinar indisfarçável inquietude e franca ansiedade, apesar do imperturbável domínio de justificativas sofismáticas com que procuram fundamentar suas atitudes de delírio e desequilíbrio mundanos. Dessa forma, também se multiplica o número daqueles desesperados nas regiões de grande infelicidade do Além, que abraçaram a Filosofia Espírita, pois, apesar de terem nas mãos a bússola infalível a lhes guiar os passos, deixaram-se enredar nas imaginárias necessidades da realidade fria e incontestável geradora de desditas em nosso querido solo planetário.
Não nos é lícito o desculpismo pela nossa impotência e impossibilidade de agir e de fazer, no sentido de reverter tal estado de calamidade espiritual. Jesus, o mais lídimo representante da Divindade, nesse palco terreno, estimulou e lançou mão de servidores simples e humildes que, pela fé, a boa vontade, o trabalho destemido e o amor ao próximo, mudaram, de forma indelével, os rumos da História da Humanidade, construindo, com a sua dedicação e o seu exemplo, os marcos referenciais para todos nós, os que nos alistamos nas fileiras do Excelso Semeador.
Reconhecemos a nossa pequenez e insignificância ante as Potências Celestes que nos amparam a todos, mas, motivados por aqueles pioneiros da Cristandade, vemos fortificar-se a nossa fé, no convite ao trabalho que nos cabe realizar por amor à Vida.
Especificamente referindo-nos à tarefa com que nos adornam os nossos maiores, na seara das ações desobsessivas, amplia-se a oportunidade e o chamado para nos engajarmos definitivamente com coragem, desassombro e esperança em um mundo melhor, pela doação incondicional, transmudando-nos na voz do Alto a ressoar nos corações de tantos quantos irmãos se atiram nos abismos da inconsequência e da dor. Preparemo-nos com os estudos das situações assinaladas pelas enfermidades gritantes e descomunais dos desgarrados do mundo.
Aquietemos o coração que salta vacilante no reconhecimento das imperfeições pessoais, certos do apoio que recebemos integralmente de Jesus, nosso Mestre e Senhor, e de todo o seu cortejo de Espíritos iluminados, discípulos fiéis da Verdade por ele propagada. Intensifiquemos o preparo no cuidado de vencermos os obstáculos internos para que tenhamos, assim, condições mais ampliadas na intermediação da Vontade Divina. Unamos os nossos esforços, no sentido de favorecer as possibilidades morais e mesológicas, naquilo que é da nossa responsabilidade, no exercício da mediunidade abençoada com que nos relacionamos, mercê da Graça Divina.
Que os nossos corações e as nossas mentes sejam muito mais que um instrumento de comunicação entre os diversos segmentos existenciais, tornando-nos aspersores do suave perfume do Evangelho de Jesus, que acalma os desejos menos dignos e age de forma balsâmica e restauradora na cura de todos os males da alma e do corpo.
Que este ano possa transformar-se para nós no grande referencial de mudanças significativas no cumprimento fiel das nossas obrigações de filhos de Deus.
O servo humílimo de sempre, Bezerra de Menezes. (Do livro “Tempo de Escolhas”, de Francisco Cajazeiras, pelo Espírito Bezerra de Menezes).