Editor Alan Caldas e equipe
Neste dia 25 de julho de 2023 o Jornal Dois Irmãos completará 40 anos.
Ainda lembro do prefeito Romeo Benício Wolf, 40 anos atrás, subindo ao palco ali da Sociedade Atiradores e segurando a nossa edição Número 1 dizendo no microfone:
– E viva o nosso Jornal Dois Irmãos, que para a edição 1000 só faltam agora 999.
A brincadeira era porque no início era uma edição apenas por mês, e, para se chegar a edição mil, levaria 83 anos. Todos rimos e ficamos felizes. E, a pedido do Romeo, as pessoas que lotavam a Sociedade Atiradores para a comemoração do Dia do Colono levantaram um brinde ao jornal que surgia.
Você envelhece. Fica emotivo. O coração fala mais que a razão. E me emociono lembrando daquele dia. Éramos jovens. Cheios de esperança. Não havia tempo ruim. Ou dificuldade. Só havia o futuro. E ele era tão luminoso e brilhante quanto o sol da nossa esperança.
Naquele dia 25 de julho de 1983 a cidade de Dois Irmãos tinha 11 mil habitantes. E englobava Morro Reuter e Santa Maria do Herval, que depois se emancipariam e se tornariam municípios, também. O bom daquele ano era que todos nós nos conhecíamos.
Não havia um morador que passasse que não soubesse teu nome. E tu o dele. Éramos como uma grande família. Eu e a Janete íamos de localidade em localidade, apoiados pelos professores, levando o Jornal Dois Irmãos. Todos os fins de semana haviam festas de escola, naqueles primeiros anos. E nós lá, com uma ou duas mesas e o jornal em cima, vendendo a edição e divulgando a novidade. Assim passamos a conhecer literalmente 100% dos moradores desde aqui do Centro até lá em Nova Renânia, na então divisa de Dois Irmãos com Gramado.
O tempo rodou no calendário com dias, meses se sucedendo. Seis meses depois passamos para uma vez a cada duas semanas. Em seguida, ao completar dois anos, passamos a ser semanal. E, nos 10 anos, começamos com edições diárias.
Foi assim que hoje chegamos na edição 7.792.
Daqui a pouco vou ali no túmulo do Romeo Wolf, no Cemitério Católico, mostrar a edição para ele e perguntar:
– E aí, Mestre Romeo, brinca agora que vai ser difícil chegar na edição mil...
E vou sorrir com alegria na certeza de que onde quer que o Romeo esteja ele virá me dar um abraço e sorrirá dizendo: “eu sabia, eu sabia...”
Este editorial é meu agradecimento ao prefeito Romeo Wolf, que me desvirtuou do caminho que eu havia programado para mim, profissionalmente, e me trouxe para esta cidade adorável que foi e é ao mesmo tempo minha alegria e meu karma. Obrigado, Romeo. Que Deus o tenha, grande amigo. Nunca mais nos veremos, mas saiba que você mora em meu coração, em meu respeito, em minha admiração e em minha esperança de que mais pessoas intelectualmente amplas como você voltem a ocupar os cargos de comando público no mundo.
Este Editorial é, também, um super agradecimento aos nossos leitores de agora 4 décadas. Muitos que estavam no nosso início já partiram, mas vejo que seus filhos e netos continuam mantendo seus olhos sobre nós e demonstrando seu respeito pelo jornalismo independente que sempre fizemos. Obrigado a todos vocês.
Este Editorial também é um agradecimento sem tamanho aos comerciantes, que sempre nos apoiaram colocando suas propagandas em nossas páginas, e aos donos de indústrias de Dois Irmãos, que sempre na hora certa souberam nos aconselhar no melhor caminho a seguir. Somos gratos a vocês. Imensamente gratos.
Este Editorial é, também, um nem sei o que dizer de tanto agradecimento aos colaboradores do jornal. Aos que o fizeram e fazem diariamente, independente dos maus tempos pelos quais muitas vezes passamos nestes agora 40 anos de existência.
O jornal nunca foi “meu”. Nem da doutora Janete. O jornal sempre foi do grupo que o elabora diariamente. Alguns mais especiais que os outros, sem dúvida, pela imensa dedicação, mas todos importantes a seu tempo, como talvez eu próprio o tenha sido. E passaram por nós nestes 40 anos mais de 1.500 colaboradores nos mais diversos setores, pessoas que com frequência encontramos pelas ruas e nos abraçam e cumprimentam alegremente. A vida é feita de pequenos bons e amorosos gestos, e esse dos nossos ex-colaboradores é um deles.
Por fim queremos dizer que estamos indo para a virtualidade. Para as mídias digitais. Em breve se encerrará a Era de Guttemberg, a comunicação impressa que tanto bem fez ao mundo, e tudo será digital. O novo sempre vem. E o mundo digital melhorará a comunicação, tenho certeza, e embora nos assuste vemos que ele é inevitável. Então vamos enfrentar mais isso. E tal qual dissemos lá no dia 25 de julho de 1983: seja o que Deus quiser!