Pa. Cláudia P. S. Pacheco / Comunidade Evangélica – IECLB
Sou pastora e num certo entardecer fui à igreja para celebrar o culto. Cheguei cedo. Normalmente, a igreja já se encontra aberta para ventilar o ambiente. O zelador mora ao lado e por isso, nesse horário, normalmente não há ninguém. Mas, desta vez, havia! Bem na porta, me deparei com duas criaturinhas lindas de aproximadamente 6 e 9 anos, que estavam saindo e foram logo se justificando: “Tia, nós estávamos só rezando e... aproveitamos para comer alguns doces que estavam sobre a mesa”. Logo me veio à memória a “estória” de João e Maria. Pareciam dois anjos, mas eram dois meninos. Estavam explorando aquele ambiente como se fosse para eles algo desconhecido e, portanto, muito interessante. Seus pais estavam numa casa ao lado, participando de uma reunião. Então, tinham tempo e resolveram entrar novamente na igreja, junto comigo e passaram a me interrogar sobre o lugar, sobre o altar, sobre a Santa Ceia, sobre a sacristia, sobre Deus e o culto. E perguntaram se podiam ficar e participar. Fiquei encantada com o que estava vendo. Parecia que eu estava sonhando. Desfrutei de um momento raro. Nós três conversamos muito. Eles aceitaram me ajudar, distribuindo hinários nos bancos e enquanto faziam isso comentavam que nunca tinham conhecido dessa forma uma igreja. Pediram para participar do culto e depois de pedirem aos seus pais, retornaram e ocuparam o primeiro banco e ficaram até acabar a reunião dos seus pais.
Fiquei pensando na graça que recebi naquela noite, e também na graça que recebeu a comunidade que manteve suas portas abertas e que sobre a mesa dispôs, nada mais do que um pote de biscoitos e balas. Se os nossos templos fossem tão atrativos quanto era a casa da Bruxa na “estória” de João e Maria... Se os nossos espaços cúlticos fossem mais acolhedores para as crianças, desfrutaríamos bem mais da presença delas. Lembrei-me de que no evangelho de Mateus 21.14-16, as crianças também estavam no templo, surpreendendo as pessoas adultas: “Mas vendo os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que Jesus fazia, e os meninos clamando: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se, e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim, nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?” Precisamos tirar um tempo para dar atenção e ouvir as crianças nos nossos templos, ouvir o seu louvor, o seu interesse, as suas perguntas sobre Jesus.