Por Alan Caldas – Editor
A Biblioteca Pública de Dois Irmãos sempre foi importante para a imprensa. Quando abrimos o Jornal, em 1983, nossa cidade era pequena. Apenas onze mil habitantes. Mas a biblioteca tinha grande número de leitores.
Os descendentes de alemães sempre gostaram de ler. Quando o amigo Paulo Feldens faleceu, se encontrou em estandes fechadas quase mil livros (a maioria em alemão) numa biblioteca que ninguém sabia que o seu Paulinho tinha em casa.
Houve sempre boa ligação entre o jornal e a biblioteca. Quando cheguei aqui, quem trabalhava lá era a Ione Kunrath, a Bernadete Scholl (irmã do Ricardo, do Luciano e da Ligia) e a Eloir Venzo.
Uma bibliotecária em especial deixou lembrança. Foi minha queridíssima amiga Marlise Sofia Ranft, quando a biblioteca ainda era naquela casa histórica que ficava onde hoje é o Hotel Klein Ville. Numa manhã fui lá buscar um livro e vi a Marlise. Nem bem coloquei o pé na sala e ela (que eu não conhecia) me olhou e disse, bem séria e bem firme:
– Estou estudando jornalismo, sabia? E se não me derem uma chance no jornal, vocês VÃO VER SÓ...
Ficamos amigos, é claro. E logo a frente trabalhamos juntos, porque eu é que não ia querer “VER SÓ...”.
Kkk...
O Jornal sempre teve parceria com a Biblioteca. Antigamente, sorteávamos vale pizza para o “Leitor da Semana”, o que mais retirava livros ali.
Quando o Romeo Benício Wolf e seu vice, José Carlos Vier, inauguraram a prefeitura onde ela é hoje, a Biblioteca foi parar no antigo prédio da prefeitura. Lá conheci a Salete Schneider, cuidando dos livros, e logo a seguir veio nossa amiga Irma Giehl e outros.
Naquela época, fizemos uma pesquisa e descobrimos que a biblioteca Paulo Arandt emprestava mais livros do que a de Novo Hamburgo, que tinha 10 vezes mais população.
Escrevi isso, na época, enchendo a todos de honra e alegria pelo gosto que nós, dois-irmonenses, demonstrávamos ter pelo prazer intelectual de ler.
O nome Paulo Arandt foi sugerido pelo professor Osório Schneider, o então secretário de Educação, e foi aceito pelo prefeito Romeo e autorizado pela Câmara de Vereadores. Paulo Arandt, além de professor nos legou um filho igualmente histórico, que é o Bellarmino Arandt, que além de empresário foi também vereador e Secretário de Governo, na Administração Norberto Emílio Rübenich, se não me trai a memória.
Das histórias da biblioteca tenho mais uma inesquecível. O Jornal Dois Irmãos precisava de mais um repórter, e fui lá perguntar para a Salete quem era a pessoa que mais retirava livros ali. Ela procurou nos registros. E foi assim que a colega Zeneide Anschau, irmã da Clisiane e do Paulo, que igualmente trabalharam conosco, se tornou durante anos repórter na nossa equipe, até mudar-se para Lichtenstein, onde encontrou seu amor, o Habitzreuter, e onde com ele e os filhos vive até hoje.