Por Alan Caldas (Editor)
Na última semana a nossa amiga, cliente e incentivadora Célia Marmitt encerrou as atividades da sua linda loja Momentos Moda Íntima.
Sempre que um comércio, serviço ou indústria fecha, todos deveríamos nos vestir de luto, porque vai fazer falta na cidade tanto quanto faz falta um de nós, quando morre.
Vou sentir a ausência da Momentos. Mas algo me reconforta, porque sua proprietária e nossa amiga parte para voos igualmente deslumbrantes. Ela sai das roupas para auxiliar nas almas, nos espíritos, nos pensamentos e nos sentimentos dos que a conhecem. Não é uma queda. É um salto.
A história da Célia é bem interessante. Mãe do Matheus e filha do falecido seu Hugo e da dona Erna, a Célia Marmitt veio ao mundo já de forma surpreendente. Ela nasceu no dia 31 de outubro de 1969 e veio como gêmea do seu irmão e nosso amigo Sérgio.
Nasceram ali no hospital São José, como tantos. Mas com um detalhe impressionante: é que naquela época não existiam os espetaculares exames de imagem que se tem hoje, onde se vê as crianças na barriga da mãe em fotos 3D. E o seu Hugo e a dona Erna esperavam um único filho naquela gravidez, como era o normal. Porém, nasceram dois: a Célia e o Sérgio. Surpresa para os Marmitt, que ficaram duplamente feliz com o inesperado presente de Deus.
Célia cresceu. Foi à escola. E aos 14 anos empregou-se nos Calçados Maide. Se deu bem. Mas não era o seu destino, ela me disse um dia. Algo chamava ela para fora dali.
Foi assim que, no dia 30 de maio de 1989, Celia e sua irmã Ane Maria abriram a loja Momentos Moda Íntima. Especializada em roupas femininas, o que era uma novidade em Dois Irmãos, desde o início a “Momentos” foi sucesso entre o público feminino.
Quando a loja estava indo muito bem, obrigado, aconteceram duas catástrofes na vida da Célia. E peço que ela me perdoe por contar isso assim, de público. A primeira foi em 2006, quando faleceu o Sérgio, seu querido irmão gêmeo. A segunda foi um ano depois, em 2007, quando faleceu sua adorada irmã e sócia Ane Maria.
Célia perdeu o chão. Nós que a conhecemos, sabemos. Era como se o mundo estivesse caindo sobre ela. E Célia sabia que precisava superar. Mas achar forças onde para tanta perda abrupta?
Foi William Shakespeare quem escreveu que “entre o céu e a terra existem muito mais coisas do que pode supor a nossa vã filosofia”. E naquelas perdas terríveis a Célia obrigou-se a olhar para dentro dela mesma. Foi forçada a recordar sua chegada ao mundo, que, aliás, se deu num dia de Hallowen. E desde ali ela começou a buscar explicações para o sofrimento que todos sofremos quando temos perdas inexplicáveis nesta vida.
Não tendo para onde ir, porque quem morre não volta, Célia foi atrás de autoconhecimento. Foi estudar sua própria alma. Foi buscar cursos que lhe esclarecessem o próprio espírito. Foi olhar para dentro de si e assim resolveu aperfeiçoar sua capacidade de ver e enxergar o mundo sob o ponto de vista holístico e esotérico. Ela começava ali uma jornada a meu ver incrível.
Célia esteve, se não me falha a memória, na Ilha de São Francisco, onde fez formação em “renascimento” com o próprio Leonardo Orr, que é o criador mundial dessa técnica terapêutica. Realizou, também, o rito de xamã Grande Visão, onde foi buscar a essência do Ser e o que os xamãs chamam de desarmamento das barreiras do ego. Em seguida foi ao Perú, para compreender e absorver a cultura espiritual do povo Inca. Fez diversos cursos ligados à essa área, sempre buscando seu crescimento interior e a explicações para o sofrimento e felicidade que aflige a alma humana.
Sua busca incessante acabou levando a Célia a abrir a Casa de Terapias Yana, onde passou a ajudar pessoas a descobrir o autoconhecimento e curas pessoais através da conexão com sua própria essência.
Nos últimos anos eu olhava a empresária Célia e percebia nela algo além do balcão da loja Momentos. Todo seu vocabulário mudou, na última década. Era notório seu equilíbrio entre a razão e a emoção. Conversando com ela, ficavam visíveis as transformações internas e externas que ocorriam aceleradamente nela nos últimos anos, onde tudo havia melhorado porque havia uma harmonia que a dominava.
E foi por aí que, dias atrás, caminhando solitário pela Avenida São Miguel, me virei para olhar a vitrine da loja Momentos. E ... veja só: a loja não estava mais ali.
Ao invés de me espantar eu sorri. Não foi novidade. De certa forma já sabíamos que mais dia menos dia a Célia se lançaria em um outro voo. Ninguém olha fundo para dentro de si e permanece no mesmo lugar. A Célia sai do comércio, onde foi sucesso por 34 anos, e torna-se agora mentora de almas, nas práticas terapêuticas que aprendeu e apreendeu nas últimas décadas e que vai, agora, repartir com os demais. Era um caminho natural.
Boa sorte, amiga Célia. Você sempre torceu por nós, aqui do Jornal Dois Irmãos. E nós, agora, de coração, torcemos por você. A Nova Era já iniciou. Sei que nem todos enxergam isso claramente. Mas você sem sombra de dúvidas já a enxergou. Aproveite.
E que a Paz esteja em você!