Por Alan Caldas (Roma - Itália)
(Parte II)
A Itália saiu da 1ª Guerra em enorme dificuldade. E a desgraça é ambiente propício ao surgimento de líderes populistas e durões.
É assim que, em 1922, surge na Itália o Partido Fascista.
Seu líder era o bem falante Benito Mussolini, um leitor de Nietsche e de Hegel, que falava 5 idiomas e que aparece inicialmente como um líder político clássico.
Porém o governo estava frágil, o rei era fraco, e após a “caminhada sobre Roma”, Mussolini e seus fascistas percebem a insignificância dos Poderes instituídos.
Visto isso, planejaram e deram um golpe de Estado. Tiraram o poder de mando do Rei Vitório Emmannuel III e Mussolini tornou-se ditador.
Virou o “Duce”. O líder. O “condottiero” da massa humana italiana carente de bens e que via no Duce “o salvador” da pátria.
Durante a ditadura, Mussolini deu alento aos italianos e saiu conquistando territórios. Tentou colonizar Líbia, Eritreia, Etiópia, Somália e Albânia. Mas quando a ditadura termina, a Itália perdeu esses territórios.
O poder dos fascistas só chegou ao fim em 1943, quando Vitorio Emmannuel aprisionou Mussolini.
Dois anos depois, em 28 de abril de 1945, Mussolini e a namorada estavam tentando fugir da Itália e, dizem, ir para a Argentina, onde o presidente era seu amigo e haviam muitos italianos. Mas Mussolini foi preso e imediatamente assassinado por partisans anti-fascistas. Seu corpo foi levado até Milão e ali foi pendurado de cabeça para baixo.
Antes da morte, porém, durante a segunda Guerra o Duce Mussolini apoiou o nazista Adolfo Hitler, e os gastos com a guerra e bloqueios econômicos afogaram a Itália na pobreza.
O cenário era tristíssimo por aqui, porém em 1950 ocorreu o chamado “milagre econômico”, e a economia italiana cresce através da indústria. Com trabalho e renda, os italianos, sempre bem humorados, voltaram a progredir.
A indústria prosperou no Norte, porém o Sul seguiu em crise, razão pela qual milhões migraram do Sul ao Norte buscando vida melhor.
O “milagre” terminaria na década de 1970. E dali até os anos 1980 a Itália viveria seus “anos de chumbo”, com terrorismo, protestos e manifestações violentas tanto de organizações de extrema direita como de extrema esquerda.
O cenário novamente não era bom. E seguiu assim até que surge o partido Forza Itália, e cresce outro líder, o empresário Silvio Berlusconi, um italiano típico por todos os poros.
Sorridente, inteligente e progressista, Berlusconi assumiu grande liderança popular à direita do espectro político.
Em 1994 virou chefe de governo, e usando a televisão com ares de Mestre se reelegeu em 2001 e novamente em 2008. Nesse período a Europa se unificou como Mercado, surgiu o Euro e a Itália se beneficiou disso.
Ao longo de muitas décadas, diz-se que 25 milhões de italianos foram morar noutros países. E, na contramão, nos anos 80 chegaram aqui na Itália pessoas do mundo todo, mas especialmente romenos, povo que mora aqui mas que tem visivelmente tensa relação com os “italianos vero”.
Com seus 58 milhões de habitantes, sendo 26% deles graduados em faculdades, a economia da Itália ocupa, hoje, no mundo, o 8° lugar. Vem após França, que é a 7ª, e antes do Brasil, que é a 9ª.
Crescerá 1% em 2024. Comparado com Alemanha, que por apoiar o economicamente equivocado bloqueio contra a Rússia está perto da recessão, e comparado com os EUA, onde a indústria dá forte sinal de fraqueza, não é um cenário ruim.
Salários tiveram aumento real.
A oferta de emprego segue na regra de sobrevivência do capitalismo: nem tanto nem tão pouco.
O turismo cresce.
E o italiano é hoje novamente o ser humano sorridente, gentil e esperançoso que sempre foi.
FOTOS
1. Mussolini iniciou como político tradicional, na Itália. Tornou-se ditador. Jogou a Itália na guerra, apoiando Hitler. E terminou deposto, assassinado e pendurado em Milão de cabeça para baixo, “come un maiale” disseram os partisans anti-fascistas que o assassinaram.
2. Rei Vitório Emmannuel III, depôs Mussolini e, ao final da guerra, abdicou do cargo, quando se firma a República na Itália.
3. Silvio Berlusconi, inteligente, carismático e bem humorado, liderou o partido Forza Itália, que deu novo alento ao povo italiano, que nas duas últimas décadas vinha com as obscuras lembranças e medos dos anos de chumbo.