Por Alan Caldas (Editor)
Marino Kasper nasceu em Dois Irmãos, em 6 de agosto de 1965, mas foi registrado como tendo nascido no dia 7. Filho de Egydio Kasper, agricultor em São José do Herval, e de Iolanda Helga Büttenbender Kasper, Marino teve 8 irmãos: Tania, Isoldi, Elton, Claudio, Anelise, Carlos Alberto, Ana Paula e Cesar.
Estudou em uma Brizoleta, em São José do Herval, e naquela época chegou por lá um padre que perguntou “quem” gostaria de estudar para padre. Marino levantou a mão, mas o pai dele disse “não”. A família era grande e no futuro lhe caberia trabalhar para ajudar em casa. Como resultado disso, ele cursou até a 5ª série e em 1978 abandonou definitivamente os estudos.
A família veio para Dois Irmãos em 1979, e Marino, aos 14, foi trabalhar na Indústria de Calçados Wirth. Entrou na produção, passando cola, e ficou ali por um ano, mas era esforçado, e um dia o contramestre Venicio Wingert o chamou e com 15 anos Marino passou a ser auxiliar de contramestre na montagem.
Aos 18 anos, quase tudo na vida dele começou a mudar. Marino ficou na Wirth até os 18 anos e fez um acordo para sair. Com a indenização ele comprou do mecânico Caetano Morschell seu primeiro carro, um Fusca azul, ano 1966. E, ao lembrar, Marino dá risada, dizendo que era “só incômodo” e que levava sempre 2 ou 3 amigos porque era certo que teriam que empurrar. Ainda sente o cheiro daquele Fusca.
A diversão do jovem Marino era jogar de ponta esquerda no clube União e, mais tarde, no Vila Rosa, além de andar na bicicleta que havia sido um sonho da infância dele em São José do Herval e que ganhou do pai quando completou 15 anos.
Marino era hiperativo. Além de trabalhar na Wirth, ele fazia trabalhos extras. Era garçom em casamentos na Santa Cecília. Era garçom aos domingos, no Restaurante Plínio Nienow. Fazia jardinagem, cortando grama e plantando flores, e também pintava casas.
Hoje as pessoas estranham, mas o dinheiro que o jovem Marino ganhava era entregue 100% ao pai. Ele não ficava com um centavo do que recebia na fábrica ou mesmo em seus serviços extras. Tudo ia para o pai e do pai para a família. E ele lembra que muitas vezes não tinha dinheiro sequer para um refrigerante quando ia ao jogo.
Aos 18 anos, porém, essa realidade iria mudar. É que ficando “de maior” ele não precisaria mais dar seu dinheiro ao pai. Para ele seria bom. Mas, e para a família? A mãe implorou para ele não abandonar a família, pois era o que mais ajudava, e compadecido o Marino disse que “jamais faria isso”.
Foi também quando tinha 18 de idade que Marino conheceu a Ana, o amor da vida dele. Ela também trabalhava na Wirth e na festa em que a Wirth inaugurou seu prédio novo na São Miguel ele se decidiu. Levou a Ana na casa dele e a apresentou à mãe.
Namoraram por 5 anos. Casaram no dia 26 de maio de 1989, na Igreja Católica de Dois Irmãos e com festa para 135 convidados na Sociedade Atiradores. Vivem felizes e Marino diz que se tivesse de casar outra vez “novamente casaria com ela”. Tiveram dois filhos: o Renan, de 31 anos, e o Rafael, de 26.
Quando saiu da empresa Wirth o Marino de fato queria só pegar a indenização, comprar o carro e voltar. Mas foi informado de que deveria ter “pelo menos 1 mês” de registro em outra empresa e então ele foi para a Indústria de Calçados H. Kuntzler.
Naquele mês, porém, o destino o encontrou.
Um amigo dele, Valdir Frank, tinha clientes mas precisava de um atelier para fazer os produtos e lhe sugeriu uma parceria. Marino viu a oportunidade de melhorar de vida e abriu o Atelier Marino Kasper ME. Instalou a produção no porão da casa da mãe e ele e a mãe passaram a trabalhar ali fazendo forragem de saltos. A empresa cresceu. O Marino chamou o pai para trabalhar e chegaram a ter 16 colaboradores. “E foi ali que começamos finalmente a ter uma vida digna”, diz Marino.
Um pouco mais à frente, em 1987, ele abriu a empresa de pré-fabricados Mariana, que chegou a ter 100 funcionários. A Mariana durou até 1995, quando ele indenizou os empregados e chamando os gerentes Inácio Fröhlich e Nelson Collet disse “fiquem com a empresa e me paguem como puderem”. A empresa existe até hoje, com o nome Juli Crist.
Naquele ano de 1995 Marino iniciou um novo negócio, o Mini Mercado Beira Rio, no qual ficou por 2 anos, até 1997, quando finalmente entrou no negócio da sua vida, que é o comércio de veículos.
Naquele ano Marino tinha uma Fiorino seminova e tentou trocar por um carro maior. Visitou duas revendas e não conseguiu. Passaram 3 meses, e nada. Então, certo dia, saindo do Banrisul, ele encontrou o Flávio Acker que lhe disse que havia recém comprado uma Fiorino igualzinha a dele, que ainda estava para venda.
Marino foi para casa e lembra que em cima da mesa tinha um risque & rabisque. Ele pegou aquele papel, traçou um círculo e colocou um ponto no meio, dizendo para si mesmo:
– Vou criar um centro comercial de veículos.
Era seu destino. E, tocado por ele, Marino foi procurar terreno e encontrou um na avenida 25 de Julho, que alugou da senhora Nelsi Wendling. Começou ali a Kasper Veículos no dia 3 de fevereiro de 1997, tendo ele como vendedor e uma única funcionária, a Elisete Daniela Dapper.
Naquela época o Jornal Dois Irmãos o entrevistou, pois o serviço dele era novo na cidade, e o repórter lhe perguntou sobre as possibilidade de o serviço dar certo. E o Marino respondeu: “Já deu certo!”
Era o que a cidade precisava. Ele começou intermediando vendas de carros, motos e telefones. Iniciou com 3 carros e cresceu rapidamente. Chegou a vender 111 carros em um mês e teve um ano em que a média foi de 77 carros vendidos por mês. As concessionárias Fiat, Ford, GM até o chamavam para perguntar “como” ele conseguia vender tantos carros. E a partir dali sua vida mudou radicalmente. Tempos depois a esposa entrou na empresa e os filhos se criaram praticamente dentro da revenda, onde estão até hoje.
Marino é um homem feliz. “Sei que não vou ficar rico”, brinca ele, “e para morrer pobre já tenho que chega”. Leva vida familiar. Viajou com a esposa pelo Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Miami, Europa várias vezes e vários países. O que ele gosta, mesmo, é de vida familiar. É romântico e anda de mãos dadas com a Ana. Em casa tudo para ele tem de ser fartura. É bom cozinheiro e aos domingos reúne 4 famílias e ele mesmo cozinha ou faz churrasco. Como veio da roça, ele agora tem uma chácara e planta de tudo, e com o que sobra faz conservas. Carneia porco e gado, estocando a carne e fazendo linguiça. Tem galinheiro e colhe 20 ovos por dia. É metódico, dorme às 21h30 e acorda às 5h30, e é organizado, “sei onde está cada coisa que preciso”.
Católico fervoroso, seu único livro é a Bíblia, e se considera um “pilar” da igreja no Travessão Rübenich, onde assiste missa aos domingos pela manhã. E já foi da Comissão de Festeiros da Igreja, na época do padre Milton Zilles.
Está com 58 anos. Tem 1,65m de altura, pesa 82 quilos, calça sapato 40 e seu sangue é O+. Faz 45 minutos de exercícios em casa, num simulador de caminhada, esteira e bicicleta. Já fez duas cirurgias no joelho esquerdo. Mas fora isso, só teve o fato de que aos 4 anos de idade sofreu o “amarelão” e ficou no hospital por 10 dias. Conhece o básico da tecnologia e seu passatempo é olhar o YouTube, mas filme só olha se for de fatos reais.
Marino se considera uma pessoa simples e dedicada à família. E, para ele, a maior virtude humana e que é o que abre o caminho para a pessoa chegar ao sucesso é a transparência e a honestidade.