Por Alan Caldas – Editor
Defendo a liberdade de escolha. E o Estado de Direito: nullum crimen nulla poena sine lege. Não existe crime se não tiver lei dizendo que é crime. E, sem lei dizendo ser obrigatório usar máscara na rua, cada um decide se usa ou não. É a liberdade. E a liberdade é mais importante que a vida. Só existe vida em liberdade.
Não havendo obrigação legal de usar, cada um usa ou não, dependendo de seu entendimento sobre o que é certo ou errado para si. É direito de cada cidadão. Meu. Teu. De todos nós.
Sem lei dizendo “tem de usar máscara na rua”, ninguém, absolutamente ninguém pode te dizer “use”.
É simples: ou o Estado de Direito se impõe, dizendo “use” (e se não usar é criminalizado) ou o que se impõe é a vontade individual: uso se quero e se não quero, não uso. Sem a lei, funciona o livre arbítrio.
No entanto, tenho conversado com amigos de diferentes países, Europa, Ásia e Américas. E todos concluíram que devem usar a máscara na rua e manter distanciamento de 2 metros de outras pessoas. Os números de mortos nos diversos países com os quais converso falam por si. E quero chamar a atenção aqui para o fato de que os nossos números também falam por si.
Vamos analisar isso:
A primeira morte pela Covid-19 no Brasil foi em 16 de março. O morto 1 era homem, 62 anos, paulista, com diabetes e hipertensão. Seu perfil era o clássico do mal chamado “grupo de risco”: acima de 60 com doença crônica. Foi ele a primeira vítima com carimbo “Made In Brazil”.
Passou um mês daquela morte. 30 dias mais. E, no dia 16 do mês seguinte, as mortes no Brasil pela Covid-19 já somavam 1.924.
Passou então outro mês. E nesse outro mês, ocorreram 14 mil mortes, foram 600% a mais de mortes que nos 30 dias anteriores. Ou seja: 16.118 mortes em 2 meses.
Simples e assustador assim:
- De 0 para 1 morto
- De 1 morto para 1.924 mortos em 30 dias
- De 1.924 para 14 mil mortos em outro mês
- Em 2 meses, de zero para 16.118 mortes
Escrevo isso porque ando pelas ruas e vejo que 80% das pessoas não usam máscara. É direito delas. Liberdade de escolha. Mas esses números assustam.
Então, divido, aqui, com os leitores, informações que recebo permanentemente de amigos de Hong Kong, Londres, Califórnia, Portugal, Helsinque, França, Japão, Dinamarca, Kansas e tantos outros lugares.
Todos, sem exceção, dão conta de que o uso da máscara é recomendável. Eles não botam o pé para fora de casa sem máscara. E não são simplórias, essas pessoas que conheço. Não são um bando de maria-vai-com-as-outras. É gente de gabarito. E usam máscara.
Então, fica a dica: use máscara.
Defendo a liberdade de escolha, nossa fundamental razão de viver. Mas deixo a dica. As pessoas mais inteligentes que conheço, estão usando. E se informação serve para alguma coisa, pense nesses números (de 1 para 1.924 em 30 dias e de 1.924 para 14 mil em outros 30 dias) antes de decidir não usar.
(Foto: Octacílio Freitas Dias)