Por Alan Caldas
Está dando certo, a vida. Algumas vezes, parece que não. Mas é impressão falsa. Não há nada de novo na existência. Tem uns morrendo. Tem outros nascendo. Tem amigos se preocupando conosco, perguntando como estamos, se estamos conseguindo trabalhar, nos incentivando. Tem os problemas do dia a dia, alimentação, moradia, vestimenta. Tem o banho, o fazer a barba. Há o mar ali fora. A montanha lá em cima. Há flores nascendo antes do tempo, onde a seca do Outono desequilibrou o Ser natural. Há uns parentes queridos. E os chatos. Tem os veículos de comunicação, nos alegrando ou aporrinhando a paciência. Tem carros andando. Tem políticos aprontando trapaças. Tem a verdade do dia a dia. Tem a farsa do Poder. Tem Deus. E muitos “deuses”. Tem vento. Às vezes ciclones, outras vezes brisa mansa. Tem uma porta que se abre. Outra que se fecha. Nesse momento, nesse exato momento alguém está tendo prazer. E alguém está sofrendo dores horríveis. Há o preconceito nos rondando. E há o incentivo nos levantando. Há a coragem nuns. O medo noutros. Há saúde nuns. Doença noutros. Sorte e azar andam por aí. Por aqui. Tem verdades que são contadas para nos libertar. E mentiras que contam para nos aprisionar. A todo momento há o que nos liberta e o que nos manipula. Help your self. Faça sua escolha. Tem choro e riso o tempo todo, ao redor. Não é só riso, é certo. Mas também não é só choro. Nascemos e vivemos. Nascemos sem saber “quanto” duraríamos. Não somos ciclopes. Somos humanos. Não enxergamos o dia da nossa morte porque, se enxergássemos, seríamos tristes como os ciclopes. Temos dois olhos. Grazie Dio. Assim enxergamos de forma tridimensional. Mas é preciso ver. Agora mesmo vi uma mãe. Ela levava um bebezinho recém-nascido ao colo, e ele chorava um chorinho lindo, lembrei dos meus filhos, tão queridos. Ou será que lembrei de mim? Pode ser. Mas vi uma mãe com um bebezinho no colo. E, lá na frente, seguia triste o rabecão do funeral de alguém. Aqui, a vida que chega. Lá, a vida que vai. E a ciranda da existência segue girando. Aqui a fome que sinto. A sede que sacio. O desejo e a ausência dele. O tempo nos fez maiores e menores. E o tempo é a vida. Frua o tempo, porque a vida não se tem como entendê-la. Só se tem como vivê-la. Viva, portanto. É a vida. A “sua” vida. E não tem como esquecê-la.