Por Alan Caldas (Roma - Itália)
(Parte I)
Bebi água da fonte em Roma. E, diz o ditado, quem bebe água da bica, volta e fica.
Volto sempre. E toda vez que chego em Roma me pergunto “como” a Itália virou este país que tanto amamos.
O período mais importante da Itália foi o Império Romano.
Entre os anos 27 antes de Cristo e 476 depois, vários países hoje independentes, como Inglaterra, Alemanha, Espanha, Marrocos, Egito, Turquia, Iraque e muitos outros eram romanos.
Porém, não há bem que sempre dure. Com a queda do Império, inicia a dita Idade Média, o chamado “período negro” da história da Europa, com guerras medievais por todos os lados, miséria, fome, peste e atraso. A Itália sofre os efeitos desse karma maléfico por penosos mil anos.
No entanto, se não há bem que sempre dure também não há mal que nunca acabe.
A história vai andando e, no início dos anos 1.400, inicia quase que magicamente o chamado Renascimento.
Na Itália, floresce arte, filosofia, matemática, arquitetura, literatura, astronomia, ciência.
Em Portugal os homens ganham o mar, indo, como disse Camões, por mares nunca dantes navegados. E a Itália também está nessa.
Com as navegações, a Itália dá um passo mundial, pois em 1492 o italiano Cristovão Colombo descobre a América, e a humanidade demarca, ali e sem saudade, o fim da malfadada Idade Média.
Nesse tempo todo, a Itália tinha sempre o sentimento de “Ser” Itália.
Porém, os territórios haviam sido divididos pelas centenas de guerras medievais.
O que hoje se chama Itália, era, então, até o ano 1.800, governado por vários governos estrangeiros.
No norte mandava a Áustria. Na Sardenha o Duque de Sabóia. No centro o Grão-Ducado da Toscana e a Igreja Católica, através do chamado Estado da Igreja. No Sul havia não uma, mas duas Sicílias, e ambas governadas pelo rei de Espanha da família Bourbon.
Era uma situação opressiva. Irritante. E os “italianos vero” decidiram expulsar os governos estrangeiros.
Se uniram com a Sardenha, cujo governante era italianíssimo, e após um morticínio de três guerras sanguinárias contra o Império Austríaco, dominaram a região. Venceram. E libertaram o Norte e o Centro da península.
No Sul da Itália, nessa mesma época apareceu um gaúcho de coração, Giuseppe Garibaldi. E esse homem, liderando um pequeno mas espartano exército de mil homens, chegou na Sicília. E ali combateu ferozmente e derrotou os Bourbons, que comandavam a Espanha e a Sicília, e libertou o Sul da Itália.
E, assim, em 17 de março de 1861 os italianos proclamam a independência da Itália.
Para governar, nomearam um rei, Victor Emmanuel II, e estabeleceram Turim como capital da Itália, transferindo-a depois para Florença.
Era Itália?
Sim. Era Itália. Mas ainda não a Itália de hoje, porque toda a região do Veneto, a região de Friuli Veneza Giulia e a região de Roma ainda não faziam parte daquela “Itália independente”.
Nove anos depois, porém, em 1870 o exército italiano entrou aqui em Roma. Entrou, combateu e derrotou o exército do Estado Papal. E vencendo uniu esta e as demais regiões à Itália.
Naquele ano, Roma vira a capital do país, que é até hoje. E foi ali, no ano de 1870, que iniciou a Itália tal qual a conhecemos hoje.
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Na próxima crônica, a Itália atual.