Alan Caldas (Etna - Itália)
Estando ao lado dele, seria jornalisticamente imperdoável não conferir bem de perto como é o Etna.
Então, fiz uma caminhada de 2,4 km morro acima na montanha do vulcão. Foram quase 5 km de ida e volta, e o tempo todo pisando em pedregulhos de Lava vulcânica seca. Para derrapar e cair é um tapa.
A subida creio que é em um ângulo de 50°, senão mais. Quando se está lá, parece quase reto.
E porque se anda o tempo todo sobre pedregulhos soltos, tem de pisar com mais cuidado do que se pisa em ovos.
É passo a passo no subir e passo a passo no descer, ou derrapa.
Um senhor francês que subia na minha frente foi se exibir para o filho, dizendo que iria mais rápido do que ele, e plaft, resvalou e se estatelou nos pedregulhos.
Na descida, um rapaz alemão ia com uma moça e desandou a correr tipo canguru, meio pulando alto, e se pranchou no chão, num baita tombo, caindo de cabeça, tronco e membros. E a vergonha é pior do que o tombo, porque a moça dava gargalhadas.
Sobe criança, jovem, adulto e velho, mas com cuidado.
Cuidado e quilos de protetor solar, porque o sol batendo naqueles pedregulhos aquece e envenena o ambiente todo.
É verão aqui. E, para se ter uma ideia, estava 39 graus “no platô” onde se chega para subir no Etna.
Durante a subida da montanha, sei lá quantos graus faz. Mas a sensação térmica é maximizada pelo imenso esforço físico para subir dois quilômetros morro acima em plano super inclinado e para descer, arriscando despencar de lá.
Quem sobe, já começa a derreter. Não há quem suba e desça sem pingar litros de suor. Mas vale a pena. Lá no alto a visão é simplesmente espetacular.
São várias crateras, no Etna.
Infelizmente a “boa”, a que eu queria muito ver, aquela em que ele está vomitando lava e arrotando fagulhas, está fechada para o público.
Não permitem ir lá na boca do vulcão. Se vê ela, é claro, mas de longe, lá no alto.
Eu queria muito ver de perto como é aquela lava saindo. Mas nada é perfeito. Ali, na boca da erupção, mortais não entram, só entram geólogos e essa turminha da vulcanologia, infelizmente ...
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FOTOS
1. Após 2 km morro acima chega-se em uma das crateras do Etna. A “boa”, aquela em que eu queria ir e na qual ele está regurgitando pedra derretida e arrotando fagulhas, está fechada para os mortais. Lá só os vulcanologistas chegam. Infelizmente, nada é perfeito.
2. Aqui é o começo da subida nessa trilha para crateras do Vulcão Etna. A fumaça atrás é da atividade dele, lá no outro lado. Dali em frente a inclinação do terreno é ainda mais íngreme. E tudo a 39 graus de temperatura e sol a pino.
3. A fuligem lançada pelo Etna na semana passada se acumulou por todas as ruas, calçadas e terrenos das cidades ao redor da montanha. Lá no fundo, bem ao alto, está o Etna. Se ampliar a foto você verá a fumaça que segue saindo de dentro dele e como que avisando que “a qualquer hora” a coisa pode ficar feia.
4. Na noite em que ele teve a maior atividade, na semana passada, os jornais aqui da Sicília postaram essa foto. A visão é linda, mas na hora deve ser levemente assustador. Cerca de 800 mil pessoas vivem nos arredores, distribuídas em 20 cidades que mais perto ou mais longe circundam a montanha onde está o Etna.