Por C. Henrique Echeverria* (Fotos: Divulgação / Dois Irmãos)
O nascimento de Jesus, Natal, não foi único e exclusivo no tempo. Ele quer sempre acontecer e portanto, o Natal não é um só.
Um é o Natal de Herodes, do desejo de represália e do egoísmo, outro é o Natal da abnegação e da diaconia. Um é o Natal do ódio e do ressentimento, outro é o Natal do perdão e da reconciliação; um é o Natal da competição e das portas fechadas, outro é o Natal da partilha e da comunhão; um é o Natal dos grandes jantares e outro é o Natal nos casebres; um é o Natal no templo com orquestra, coral, luzes e outro é o Natal das prisões e dos hospitais; um é o Natal do shopping e do Papai Noel, outro é o Natal do presépio e do menino Jesus.
O Natal é experienciado de formas diferentes, um foi o de José, outro de Maria, ainda outro de Herodes. Um foi o Natal de Simeão, homem idoso, toma o menino Jesus nos braços e diz: “agora os meus olhos contemplam a tua salvação”. Um foi o Natal dos anjos avoando e proclamando as notícias de alegria. Um foi o Natal de Ana, mulher e com 84 anos, que contava a todas a pessoas sobre a notícia, pois, era muita alegria para guardar sozinha.
O Natal é um? Sim, “só que não”! Essa seria a resposta mais jovial e certeira que poderíamos apontar. De fato, sim, Jesus nasceu no tempo e no espaço e na encarnação, ou melhor, quando Deus se tornou pessoa na manjedoura, o conceito de um Deus atemporal, distante de nós, que não experimenta passado, presente, futuro se esvazia. Deus passou a experimentar o tempo. “Só que não”! Pois, a manjedoura é uma metáfora, e o lugar onde Deus repousa não é na sacristia, templos ou lugares sagrados, mas sempre em lugares tão simples e aconchegantes como uma manjedoura, cercada por pessoas simples, num ambiente de amor. Se assim for, o Natal está sempre por alvorecer. É um evento a se irromper, por exemplo no jardim é o botão, prestes a florescer. Onde houver manjedoura, o Natal está para acontecer.
Um foi o Natal daquele primeiro grupo de pessoas, outro pode ser o nosso. Neste tempo de Natal e do ano novo de 2024, compete a nós como acolhemos e que respostas daremos ao “tempo” para que o cinismo não venha engolir a vida e uma manjedoura possa encontrar em nós guarida.
Feliz Natal e Paz às pessoas a quem Deus quer bem!
* Ministro Cand. - Paróquia Evangélica Confissão Luterana em Dois Irmãos