Pe. Gabriel Santos da Silva – Paróquia São Miguel
Estamos nos aproximando do dia do Natal, e muitas vezes dizemos ou cantamos que “é Natal mais uma vez”, mas na verdade o Natal do Senhor aconteceu sim uma só vez, mas Deus sabendo de nossa fraqueza, que não poderíamos perseverar só ouvindo a história dos fatos que aconteceram, nos deixou a Igreja com a liturgia que ela celebra. Assim sendo, o Natal, bem como todos os acontecimentos da Vida de Jesus não são apenas transmitidos ou repetidos de geração em geração, mas vividos espiritualmente através das celebrações como se fosse a primeira vez que estivesse acontecendo.
As obras salvíficas de Deus, realizadas de modo pleno em Jesus, se tornam presente na nossa vida quando celebramos a Santa Liturgia, sobretudo a Eucaristia. Na força do Espírito Santo, através das palavras, dos gestos e dos símbolos litúrgicos, os acontecimentos “do passado” — todos resumidos em Cristo: na sua Encarnação, no seu Nascimento, Ministério, Morte e Ressurreição e no Dom do seu Espírito — tornam-se realmente presentes na nossa vida, e não é somente uma lembrança ou memória, mas uma realidade que Deus quis que cada um de nós vivêssemos cada um a seu tempo através das celebrações.
No Natal, a Igreja não celebra o aniversário de Jesus. O que ela quer fazer e faz é tornar presente para nós, na força do Espírito Santo, a graça da vinda de Jesus Cristo. Celebrando a liturgia do Natal, o acontecimento do passado (a Manifestação do Filho de Deus) torna-se presente no hoje da nossa vida. Na liturgia do Natal a Igreja não diz: “Há dois mil anos nasceu Jesus”! O que ela diz se resume na antífona de entrada da Missa da Noite do Natal é: “Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o Salvador do mundo, desceu do céu a verdadeira paz”.
Então, celebrando o Natal, vivemos realmente a Manifestação do Salvador no nosso hoje, na nossa vida, no nosso mundo. A liturgia tem essa característica: na força do Santo Espírito torna presente realmente, de verdade, aquele acontecimento ocorrido no passado. Não é uma repetição do acontecimento, nem uma recordação. É tornar presente os atos de salvação de Deus.
Que cada um de nós neste Natal tenha a alegria de celebrar com piedade e devoção o Nascimento do Menino Jesus como um acontecimento atual em nossas vidas e que possamos realmente sentir os efeitos das Graças que Nosso Senhor quer infundir em nossos corações.
* Pe. Gabriel é Reitor do Seminário Maria Auxiliadora de Dois Irmãos