Por Alan Caldas – Editor
Viena é capital da Áustria e é tão linda e histórica e cultural e arquitetônica que fica difícil escolher um tema num relato de espaço curto.
Aqui teve Amadeus Mozart. Teve Franz Joseph Haydn. Teve Johann Strauss. Beethoven morou aqui. E isso a faz a capital mundial da música. Mas também é daqui Sigmund Freud. O que a transforma em referência mundial em psiquiatria. E, é claro, teve Adolf Hitler, que nasceu por esta terra austríaca mas que, em Viena, ninguém fala sobre ele, pois se envergonham do que fez o conterrâneo.
A cidade é arquitetonicamente linda. Para qualquer lugar que se olhe ela é como uma obra de arte misturando barroco e clássico e moderno. Nada a ver com o que vemos aí. Nada. Absolutamente nada. As ruas lotadas. Calçadões idem. Algumas com dezenas dessas lojas de grife, tipo Prada, Vuitton, Ermenegildo Zegna e tantos outros no paraíso de consumo burguês. E com filas nas portas. Acredita?
Fora dessa área digamos riquíssima, nas estações e paradas de ônibus, nos mercados e lojas, por exemplo, o que se vê são pessoas elegantes e bem vestidas. Raros visuais desconstruídos. Normalmente pessoas “bem vestidas”. Há pobreza, é claro. O efeito colateral do sistema. E vimos duas ou três vezes um que outro chafurdar no lixo em busca de resto de comida. Mas são 2 ou 3 entre milhares. Nem aparecem. Invisíveis na massa.
Falam alemão, todos. Assim como na Alemanha, Bélgica e Luxemburgo, a língua oficial aqui é o alemão. Gordinhos quase não se vê. Aqui são raros. É cidade cara, Viena. O país todo é. Sua moeda era o xelim austríaco. Agora é Euro. E os preços são acima de outras capitais europeias. Especialmente o alimento. Uma laranja custou 7 reais, dia desses. Banana se compra uma em uma, nada de penca. Carne de gado é uma facada no boi antes, outra em ti na hora da compra. Razão pela qual no supermercado quase só têm carne de porco e galinha.
Destaque para a impressionante diversidade de embutidos, algo realmente de impressionar em quantidade e sabor. Além é claro de produtos alimentares industrializados que nunca chegaram aos nossos mercados. Magníficos. Sofisticados. Um café em sachê que nunca vimos, por exemplo, e que funciona como para fazer chá. Espetacular. Tenho tomado direto.
A população da Áustria é de 9 milhões. Desses, 93,4% são austríacos. Outros 2,5% são iugoslavos. Tem também 1,5% de descendência turca. E 0,7% de alemães. Fora isso eles têm 1,9% da população que chamam de “outros povos”, e não faço a mínima ideia do que significa. “Outros povos” ... muito estranho isso. Aqui em Viena moram 2 milhões de habitantes. É a maior cidade da Áustria. Se dizem austríacos, todos, porém o DNA deles é majoritariamente alemão. Embora, é claro, por ter sido um Império enorme no passado, se encontre agora austríaco de origem croata, ucraniana, húngara, turca e eslovena. É natural para quem colonizou, ter, agora, população miscigenada.
Viena vive de serviços aos turistas, que chegam aos borbotões tanto no inverno quanto no verão. Já o restante da Áustria tem economia diversificada. Boas indústrias alimentar, metal-mecânica, química, elétrica e eletrônica, madeira e papel. Indústrias que vivem da exportação, por óbvio, visto que a população daqui é pequena. O pais tem quase zero inflação. E endividamento público pequeno. Além disso, a taxa de desemprego é baixíssima. Parece até Dois Irmãos, cidade que nós consideramos como o paraíso na terra.
Se quando viaja você gosta de visitar cemitério para achar seu sobrenome e referências familiares em túmulos, reserve tempo para isso em Viena. Um dos maiores cemitérios do mundo está aqui. É o Cemitério Central, que foi inaugurado em 1874 e agora tem 3 milhões de pessoas enterradas ali. São mais de 330 mil túmulos. Familiar morto não vai faltar, não é? Se tem sobrenome alemão, pegue lápis e papel e faça seu relatório genealógico.
Teatros, escolas de música, óperas ... Viena pulsa esse tipo de arte. A Áustria faz fronteira com Alemanha, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, Itália, Suíça e Liechtenstein. Antes era encrenca. Invasão. Guerra e conflito. Mas a dor ensina a gemer e agora é só paz e amor. A agricultura ecológica deles é forte por aqui. E 20% da produção vem das “bio”. São produtos absolutamente naturais, sem adição química.
Em Viena o governo local incentiva hortas comunitárias. Essa é uma ideia que a Angela teve, tempos atrás, para se dar um uso racional aos terrenos baldios que temos na nossa cidade. As hortas aqui em Viena são coordenadas por uma associação ligada à prefeitura, que as incentiva. E há muitas delas pelos bairros.
O prato típico da Áustria é o schnitzel. Um bife de carne de porco empanada. Lembra a comida típica da nossa vizinha Argentina e que, aqui, tal qual lá, vem igualmente acompanhado de batatas fritas. O preço varia de 12 a 20 euros, dependendo do local, mais ou menos chiquinho que você for. Não têm grande coisa no salgado. Mas se orgulham dos doces. Há muitas confeitarias em Viena. E o forte são os bolos. Têm diversos Concursos de Bolo, local, regional e nacional. E o mais famoso é um de chocolate, que chamam de “Sachertorte” e custa mais ou menos 6 euros um pedaço. Pessoalmente, prefiro o apfelstrudel. Tem recheio de maçã e massa crocante. O clássico leva uma pequena bolinha de nata em cima. É criação deles, o apfelstrudel. Nota 10!
Por estar nos Alpes, o esporte dos austríacos é o esqui. Desde criança praticam e é raro um deles que não domine a técnica de deslizar na neve e gelo. Quase não tem cachorro em Viena. É que cachorro paga imposto, aqui. São 72 euros de imposto para ter um. E caso tenha mais de um, o valor cresce, vai a 105 euros. Com esse “incentivo”, quase não se vê cão em Viena. Cachorro é considerado artigo de “luxo”, por aqui.
A bandeira deles é das mais antigas do mundo. São três listras horizontais, senso duas vermelhas e uma branca. É uma referência às Cruzadas da época Medieval, e significa:
Listra Branca = uniforme.
Listra Vermelha = uniformes com sangue.
Nas Cruzadas ou você abraçava a cruz de Cristo ou sentia o fio da espada. Verstehen? Entendeu? De lá veio a bandeira deles.