Por Alan Caldas (Editor)
Clea Liane Spohr é uma mulher prática e livre, mas também muito apegada ao que faz e aos amigos. Quem a conhece sabe que ela está sempre disposta a ajudar e a resolver problemas. É comunicativa e plena de esperança, dona de um coração bondoso e generoso.
Herdeira de uma linda história familiar na Dois Irmãos raiz, Clea construiu a sua própria sob valores éticos firmes e baseada na cultura na qual ela cresceu. Para ela, portanto, caráter, honestidade e espírito trabalhador são características admiráveis. “E sem essas, nenhuma sociedade sobrevive”.
Aos que entram na vida profissional Clea é um exemplo de perseverança. E ela diz que se pudesse dar conselhos aos jovens, seria para que “aproveitem as oportunidades, sejam persistentes e valorizem a educação”.
Educação, aliás, é algo que para ela vem em primeiro lugar. Ela diz que a união familiar é extremamente importante, e o respeito entre pais e filhos é fundamental para se conseguir criar um mundo bom para viver.
Clea sempre foi uma mulher corajosa e curiosa. De caráter forte, ela enfrentou e venceu muitos desafios, sempre demonstrando ser interessada em aprender mais e a ser exemplar nas tarefas que se propôs a realizar.
Vida familiar e pessoal
Natural de Dois Irmãos, ela nasceu na véspera de um Domingo de Ramos, no dia 23 de março de 1961. Seu parto foi em casa, realizado por uma parteira.
A mãe, dona Irene Spohr, trabalhava como agricultora, plantando na roça, assim como seu pai, Emílio Norberto Spohr. E ambos tinham 39 anos quando ela nasceu.
O casal teve uma vida familiar muito unida e bonita. E, como se tivessem um pacto de amor para a eternidade, seu Emílio e dona Irene faleceram aos 80 anos, com diferença de apenas um mês entre a partida de um e a do outro.
A orfandade nos deixa em profunda solidão, e Clea confessa sentir muita falta dos pais. Sofreu muito quando eles partiram, porque com eles convivia muito proximamente. O que a sustentou foi a fé. A mesma fé que ela adquiriu da própria mãe e pai, que lhe ensinaram o temor a Deus como uma forma de esperança.
A família de Clea era uma típica família grande e religiosa. Era formada por mais cinco irmãos: Yeda, Célia, Pedro Lauri, Iara e Wanderlei.
Entre mãe e pai, Clea teve 13 tios maternos e 3 paternos. E embora não tenha muitas recordações dos avós, o pouco que lembra já a deixa feliz. Os avós paternos, Pedro Spohr e Joaneta Spohr eram agricultores, assim como seus avós maternos, João Becker e Rosa Becker.
Clea teve infância feliz e lembra sorrindo que gostava muito de esportes e de brincar na rua com seus colegas e amigos.
Na adolescência, seus primeiros bailes eram sempre acompanhados da presença da mãe, que, como era costume da época, ficava sempre por perto quando ela encontrava alguma paquera. E a mãe teve que participar de muitos eventos.
Clea adorava e adora dançar, e na adolescência não perdia as reuniões dançantes e boates.
Clea nunca se casou. Diz que na juventude até pensou em casar e ter filhos. Mas foi sempre muito envolvida com o trabalho, e no passar do tempo foi analisando a situação, pesando prós e contras, vendo exemplos aqui e ali, e decidiu que não necessitava casar ou ter filhos para ser feliz. E resolveu ficar solteira.
Clea destaca que a vida familiar foi de grande importância na formação e caráter dela.
Quando seus pais eram vivos, os encontros familiares eram frequentes e intensos.
A família se reunia e todos sempre se encontravam, se visitavam e quase nunca se distanciavam.
Clea sente saudade daquela época. Mas depois, os pais partiram. Os irmãos cresceram. Cada um constituiu sua própria família. E isso tudo foi tornando mais difícil os antigos encontros e as reuniões familiares.
Segue, porém, no núcleo familiar o mesmo carinho e afeto que os unia quando seu Emílio e dona Irene estavam presentes. O amor familiar que os pais lhes passaram e ensinaram, nunca os abandonou.
A vida sempre nos apresenta luzes e sombras. E a de Clea não é diferente. Entre as tristezas da vida ela recorda que sofreu muito com a perda de uma amiga querida e muito próxima dela, que faleceu vítima de câncer. Ainda hoje essa lembrança a entristece.
Além disso, Clea enfrentou muitos outros obstáculos no curso da existência, mas a todos eles ela foi dando combate e superando, e sempre tendo um pensamento positivo que proporcione seguir vivendo da melhor e mais feliz maneira possível.
Clea gosta de viagens mas o trabalho vem sempre em primeiro lugar. Ela viajou ao exterior só uma vez, e foi quando conheceu Montevidéu, no Uruguai. Porém viajou bastante pelo Brasil e quer continuar viajando, pois tem o sonho de conhecer o Brasil inteiro, estado por estado.
Quando não está trabalhando, uma das alegrias dela é a culinária. Gosta de inventar pratos e chamar amigos ou familiares para degustar.
Quem conhece Clea sabe que ela é uma cidadã exemplar. E durante nossa entrevista transpareceu nitidamente que ela exerce seu papel com dedicação, que preza o trabalho e que em seus valores éticos está a honestidade e a sinceridade em tudo que faz.
E como uma pessoa tão dedicada ao que faz gostaria de ser lembrada?
Clea responde dizendo que gostaria de ter seu nome reconhecido pelo bem que faz, por ser uma pessoa batalhadora e bem relacionada com todos ao seu redor.
Clea sempre se preocupou com o futuro da comunidade. Ela diz que vive-se o hoje para que exista um bom amanhã. E, por isso, normalmente ela tenta compartilhar ideias, projetos e inovações com os jovens, aos quais encoraja a acreditar em seu potencial e ter sempre esperança em um futuro melhor.
No mundo atual, duas questões a deixam aflita: a insegurança e o desemprego. Mas, fora isso, acredita que o mundo está melhor graças a tecnologia que proporciona mais oportunidade a todos.
Estudo e trabalho
Aos 5 anos Clea começou a estudar no Colégio Imaculada Conceição. Quando entrou na escola, falava apenas alemão, porque era essa a língua falada em casa. Sendo assim, dos primeiros dias de aula ela recorda com carinho da sua professora e colegas, todos muito gentis e acolhedores, e diz que o ambiente escolar era um local extremamente agradável e feliz.
Ela ainda hoje recorda com alegria que sentava em uma mesa redonda, com cadeiras pequenas, e essa imagem sobrevive romanticamente em sua memória afetiva da escola.
Clea foi uma aluna aplicada. Ela também fez cursos de datilografia, que na época era necessário para se ter um bom emprego. Na área de aprendizado, sempre gostou mais das matérias da área de humanas. E isso, segundo ela, é até algo contraditório, pois no então Segundo Grau ela decidiu se especializar na área contábil, optando pelas ciências exatas.
Como todos da sua geração a Clea ainda bem jovem começou a trabalhar na Indústria de Calçados Wirth. Tinha 14 anos. E seu primeiro dia de trabalho foi em 12 de janeiro de 1976.
Estava feliz por poder trabalhar.
Entrou. Se adaptou. Gostou. E ficou. E lá se vão 47 anos de participação na história da empresa, na qual ela hoje atua na área comercial de exportação.
Em 1980, aos 19 anos, Clea começou a faculdade de Administração de Empresas, na Feevale, em Novo Hamburgo, estudando à noite.
Ela saía do serviço às 18h e esse era o mesmo horário em que seu ônibus ia para a faculdade. Clea ia às pressas, direto do trabalho para o ônibus que a levaria até Novo Hamburgo. Era puxado. Mas alegre.
Apesar de ter feito grande parte do curso, ela não se formou. Na época, falar línguas era mais importante para o trabalho, e Clea optou por cursar inglês, que lhe ajudaria na empresa.
Quando terminou o curso de inglês, já não tinha mais interesse na faculdade.
Continuou buscando outros aprimoramentos profissionais, sempre lendo e estudando muito, para se manter crescendo e exercendo o seu o melhor na indústria de calçados Wirth. Empresa que é praticamente a vida de Clea Liane Spohr.
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CLEA LIANE SPOHR
Filha de: Emílio Norberto Spohr e Irene Spohr
Irmã de: Yeda, Célia, Pedro Lauri, Iara e Wanderlei
Neta de: Pedro Spohr e Joaneta Spohr, e de João Becker e Rosa Becker.