
Por Alan Caldas (Editor)
Protasio Kuhn nasceu em Santa Maria do Herval, no dia 3 de agosto de 1960, e filho de agricultores trabalhou na roça como todo filho de agricultor. Aos 19 anos, resolveu, como diz ele, “mudar de ares”, e se mudou para Dois Irmãos.
Chegou no dia 30 de julho de 1979, com a ideia de trabalhar em fábrica de sapato. Se impressionou, porque nunca tinha visto tanta gente trabalhando junto numa esteira, umas ao lado das outras, e produzindo tão rápido um sapato.
Precisando trabalhar, teve a sorte de uma manhã encontrar na rua 10 de Setembro o senhor Arlindo Wirth, proprietário da Indústria de Calçados Wirth. Ao ver o seu Arlindo, que ele conhecia de nome, Protasio o cumprimentou e disse:
– Seu Arlindo, estou procurando um emprego. O senhor não tem um emprego para mim?
O seu Arlindo olhou aquele rapazinho e respondeu:
– Pode começar hoje de tarde!
Protasio começou no dia seguinte. E hoje, lembrando aquele dia, diz, sorrindo, que de sapato ele sabia só “usar”. Entrou na fábrica e rapidamente foi galgando postos. Em 1 ano e 4 meses se tornou chefe de esteira. Ao lembrar dos primeiros dias na fábrica, recorda sorrindo que bastava lhe mostrarem o que fazer e ele já saia fazendo. Ficou na Wirth por 9 anos seguidos, sempre se destacando no que fazia e sendo querido e respeitado pelos colegas e diretores da empresa.
Em 1988 havia quase que uma febre de abertura de ateliers em Dois Irmãos, porque as fábricas tinham centenas de milhares de pedidos e terceirizavam alguns serviços. Os ateliers surgiam como que do dia para a noite.
Protasio conhecia bem todos os processos de produção e resolveu entrar para o mundo empresarial. Abriu o seu atelier, no qual fazia de tudo, desde enfeite, enfiado, trança, ponto-celeiro e tudo mais que as 6 ou 7 fábricas que ele atendia precisassem.
O atelier lhe exigia tempo, atenção e também muitos outros incômodos, porque ele é perfeccionista e vivia irritado. Trabalhou com o atelier por 23 anos, e sempre muito estressado. Um dia consultou um neurologista, pois já não suportava tanto estresse, e o médico disse que se ele “quisesse viver mais uns aninhos” precisaria mudar o que vinha fazendo. Protasio resolveu se aposentar.
Desde que chegou em Dois Irmãos, lá em 1979, ele sempre foi participante dos eventos da Sociedade Santa Cecília. Dos bailões, em especial, que eram sempre superlotados. Ao falar sobre isso, ele recorda de um baile que foi tocado pela Banda San Marino e que teve mais de 6 mil e 300 pagantes. “Era tanta gente que por não ter mais onde colocar o povo, fecharam a portaria”, diz ele, sorrindo.
Como gostava da Sociedade, se associou nela e curioso que era sempre assistia as reuniões da Diretoria. Foi assim que, 14 anos atrás, passou a fazer parte da Diretoria da Santa Cecília. Assumiu a vice-presidência da casa por 6 anos. E, depois, com as amizades que fez no clube e pelo modo como sempre se portou na vida, foi convidado para assumir a Presidência da casa, onde está por 8 anos, sempre com muita ação e muitos projetos de melhoria.
Atualmente a Santa Cecília, assim como todas as sociedades, tem poucos sócios, em torno de 50 efetivos, e a renda vem de alugueis do salão, bingos e algumas promoções. Protasio e a Diretoria cuidam dela com enorme zelo e estão sempre fazendo mudanças para melhorar o ambiente.
Antigamente a grande renda da sociedade vinha dos bailes. “Mas hoje as bandas estão muito caras”, diz Protasio. Ele lembra que uma banda como Rainha Musical cobra “entre 50 e 55 mil reais, para tocar 4 horas”. Banda como os Atuais também sai acima de 50 mil.
“O Brilha Som nos cobrou 28 mil para tocar numa sexta-feira, porque se fosse no sábado era acima de 50 mil”. Para se chegar a esse valor, o ingresso fica muito caro, diz Protasio, “teria de se cobrar 200 reais e é por isso que não é mais viável ter bailes como havia antes”.
Protasio e a diretoria sempre têm muitos projetos para modificar a sociedade, “o que falta é o faz-me-rir”, diz ele, brincando. Mas das reformas recentes que fizeram, Protasio se orgulha da mudança na pista do salão e a na entrada, que deixaram a Sociedade Santa Cecília muito bonita, mudando completamente o visual da casa.
Os que ainda não viram a mudança, terão a chance agora em agosto, quando ocorrerá o tradicional jantar-baile de casal, que antes era para os sócios, apenas, mas que agora está aberto à toda a comunidade.