
Por Alan Caldas (Editor)
Philomena Leonida Backes, a “Dona Leonida”, nasceu em 4 de julho de 1930 na cidade de Feliz. Ela foi a 5ª filha do casal Pedro Paulo Seitel e Otília Renz, que faleceram ela aos 80 e ele aos 94 anos de idade. Seus bisavôs por parte de pai vieram da Alemanha, e tanto esses quantos os seus bisavôs maternos eram agricultores e católicos.
Católica fervorosa, Leonida desejava ser freira. E, aos 13 anos de idade, acabou indo morar com uma tia em Porto alegre, onde estudou e trabalhou no Colégio Bom Conselho. Foi, depois, transferida para a Santa Casa, igualmente na capital, onde passou a cuidar de enfermos.
Da Santa Casa, em Porto Alegre, a jovem Leonida foi transferida para a cidade de Bom Jesus. Haviam recém-inaugurado o hospital naquela cidade, e ali ela trabalhou por dois anos, conhecendo a distância, a solidão e a temperatura fria que faz nos Campos de Cima da Serra.
Trabalhou e morou lá por 2 anos, e a pedido da mãe voltou para a nossa região, passando a trabalhar no Hospital Centenário, em São Leopoldo.
Foi ali em São Leopoldo que durante uma visita ao Santuário do Padre Reus ela conheceu Benno Backes, um marceneiro de São José do Herval com o qual se casaria na Igreja Matriz de São Leopoldo, em 7 de fevereiro de 1953 e teria os filhos José Agostinho e Paulo Raul.
Graças aos filhos, teve os netos Bárbara, Benno, Cláudia e Felipe, e os bisnetos Lucca, Fernando e Flora. O esposo Benno infelizmente faleceu cedo, aos 70 anos, vítima de um AVC.
Após casar, dona Leonida veio morar em Dois Irmãos e imediatamente foi requisitada pelo doutor Bruno Kraemer para trabalhar no hospital. Na época era ela, o doutor e algumas poucas freiras que faziam todo o atendimento de saúde na cidade. E a jovem Leonida se virava, indo de casa em casa aplicar injeções, cuidar e dar medicamentos aos doentes. E também começou a fazer partos.
Foi nesse quesito “fazer partos” que ela se notabilizaria. Tornou-se a parteira oficial da nossa região e tendo, ao final, quando aposentou-se, contabilizado mais de 5 mil partos em mais de 50 anos de trabalho.
Partos em casa, originariamente, e no hospital. Nos em casa, ela ia como desse: de bicicleta, a pé, a cavalo e mais tarde num Jeep, que comprou de um ex-prefeito de Estância Velha e que aprendeu a dirigir “na marra”, como se aprendia antigamente.
Por onde se passa, ainda hoje, em Dois Irmãos, Morro Reuter e Santa Maria do Herval, encontra-se pessoas que vieram ao mundo aparadas pelas mãos benditas da “dona Leonida”.
Com o tempo, na época do prefeito Romeo Benício Wolf, apoiada e solicitada pela então Primeira Dama do município, dona Eliana Schmitt Wolf, a dona Leonida entraria na história como co-fundadora do primeiro Grupo de Terceira Idade registrado oficialmente no Brasil, o Grupo de Idosos Reviver. Esse grupo salvou da solidão e tristeza centenas e centenas de mulheres e homens que, ao final da vida, era deixados “lá nos fundos” até que encontrassem a morte. O “Reviver” inspirou a criação de outros grupos, que surgiram na região e logo se espalharam pelo Brasil inteiro, dando alegria aos integrantes da terceira idade.
E foi esse grupo, o Reviver, que no último dia 4, sexta-feira, em excursão de ônibus foi visitá-la no Lar Santa Ana, em Novo Hamburgo, onde ela passou a residir nos últimos 8 anos.
Em grande alegria e elegância, o Reviver, mais os filhos, netos e amigos do coração da dona Leonida cantaram para ela um alegríssimo “Parabéns a Você”, além de diversas músicas em alemão e português, enquanto cortavam bolos e bebiam refrigerantes numa linda festa SURPRESA de aniversário de 95 anos organizado para ela pelos filhos Agostinho e Raul.
Em entrevista que fiz com ela, ao final a dona Leonida quase me matando do coração disse, com lágrimas nos olhos e emocionadíssima, que se sentia “agradecida”, mas que acreditava que “não merecia tanto”.
Com voz firme, lucidez impressionante e com aquele carinho, força, amor e positivismo que sempre a caracterizou, a dona Leonida agradeceu e pediu as bênçãos de Deus a todos que foram lá levar um abraço e o parabéns para o aniversário de 95 anos dela.